O cardeal-patriarca de Lisboa, disse hoje em Roma esperar que o Papa seja uma figura de “braços abertos” para o mundo e assuma a tarefa de “reconstrução do rosto da Igreja”.
“Que o futuro Papa seja esses braços abertos de um pai que acolhe e que arraste consigo a Igreja, para que a Igreja seja a casa onde se volta a desejar regressar”, declarou D. José Policarpo, na homilia da missa a que presidiu na igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa é um dos dois cardeais portugueses com direito a voto no Conclave que se inicia esta terça-feira para a eleição do sucessor de Bento XVI.
“O futuro Papa tem um papel que esperamos muito grande nesta reconstrução do rosto da Igreja”, afirmou.
D. José Policarpo, disse ainda que a Igreja Católica deve ser “cada vez mais a casa da conversão e do perdão” e “a concretização viva dos braços abertos de um pai sempre disposto a acolher”
O cardeal-patriarca falou em “milhões” de filhos pródigos que se dispersaram, deixando votos de que estes sintam o “desejo” de regressar à Igreja.
O patriarca de Lisboa será o 32.º cardeal a votar no conclave, segundo a “ordem de precedência”, disposição utilizada em procissões, votação e juramentos relacionados com o período da Sé vacante.
O cardeal Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, ocupa o 104.º lugar neste elenco, que depende da data de criação cardinalícia e da ordem em que cada um é inserido (episcopal, presbiteral ou diaconal), tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma.
O lote de 115 eleitores inclui 60 cardeais da Europa (52,1% do total), incluindo 28 italianos (24,3%); 14 da América do Norte (12,2%) e 19 da América Latina (16,5%); 11 de África (9,6%); 10 asiáticos (8,7%) e 1 da Oceânia (0,9%).
A missa que antecede o início do Conclave para a eleição do novo Papa (‘pro eligendo Romano Pontifice’) vai ser celebrada às 10h00 (menos uma hora em Lisboa) de terça-feira.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, informou que no mesmo dia, pelas 16h30, está agendada a procissão dos cardeais da Capela Paulina do Palácio Apostólico para a Capela Sistina, seguida do juramento, momentos que vão ser transmitidos em direto pela televisão e internet.
Após o juramento todas as pessoas que não podem participar na eleição saem da Capela Sistina, à exceção do cardeal maltês Prospero Grech, especialista na vida e obra de autores dos primeiros séculos do cristianismo, que dirige uma meditação.
A queima dos boletins de voto e a produção do fumo nas salamandras instaladas na Capela Sistina decorre nessa tarde (um escrutínio) e nos dias seguintes, após os dois escrutínios de manhã e outros à tarde.
O fumo negro ou branco que sairá da chaminé da Capela Sistina para indicar, respetivamente, se a eleição prossegue ou se foi escolhido o novo Papa, deve ser esperado pelo meio-dia e às 19h00 de Roma, referiu o responsável, sublinhando que se trata de horário “indicativo”.
Se a eleição do novo Papa ocorrer no primeiro escrutínio da manhã, o fumo branco deverá sair entre as 10h30 e as 11h00.
Caso a escolha se realize na primeira votação da tarde, como aconteceu em 2005 com a eleição do Papa emérito Bento XVI, pode esperar-se fumo branco entre as 17h30 e as 18h00, disse o sacerdote.
Agência Ecclesia – http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=94702