O Papa Francisco presidiu hoje pela primeira vez à recitação do Angelus, perante dezenas de milhares de pessoas, e sublinhou a “misericórdia” de Deus evocando uma passagem da imagem da Senhora de Fátima por Buenos Aires.
“Deus nunca se cansa de nos perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir perdão”, disse, na sua catequese, desde a janela do apartamento pontifício sobre a Praça de São Pedro.
O Papa argentino recordou a este respeito passagem da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima por Buenos Aires, em 1992, e a conversa que teve com uma ‘avó’, uma idosa com mais de 80 anos, a respeito dos pecados.
“O Senhor perdoa tudo. Se o Senhor não perdoasse tudo, o mundo não existiria”, referiu.
Francisco retomou a ideia central da homilia que tinha apresentado horas antes na missa dominical a que presidiu na paróquia de Santa Ana, no Vaticano, sobre a misericórdia de Deus.
“O rosto de Deus é o de um Pai misericordioso, que tem sempre paciência. Já pensaram na paciência de Deus, na paciência que tem com cada um de nós?”, perguntou.
A intervenção papal, com várias passagens improvisadas, partiu do episódio relatado pelos Evangelhos sobre uma mulher adúltera que Jesus salva da morte.
“Não ouvimos palavras de desprezo, de condenação, mas apenas palavras de amor, de misericórdia, que convidam à conversão”, explicou.
O novo Papa começou por desejar ‘bom dia’ aos presentes e destacou a sua ligação particular à Itália, a começar pelas raízes familiares, por ser filho de emigrantes transalpinos na Argentina, cujo padroeiro, São Francisco de Assis, o inspirou a escolher o nome para o seu pontificado.
“Obrigado pelo vosso acolhimento e pelas vossas orações. Rezai por mim, peço-vos”, apelou.
Os cumprimentos estenderam-se aos que acompanharam através dos meios de comunicação social.
Francisco deixou elogios a um livro do cardeal Walter Kasper, antigo responsável pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, sobre a “misericórdia”, uma palavra que “muda tudo”.
“Um pouco de misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo”, disse, depois de ter convidado os fiéis a serem “misericordiosos com todos”.
O Papa gracejou ainda com a citação da obra do cardeal Kasper: “Não pensem que faço publicidade aos livros dos meus cardeais”.
Francisco começara por afirmar que os cristãos devem “encontrar-se, cumprimentar-se, falar-se” ao domingo, “dia do Senhor”, para sublinhar a especificidade deste dia.
“Bom domingo, bom almoço”, concluiu, falando apenas em italiano.
Agência Ecclesia – http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=94832