O Papa Francisco encerrou hoje na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, a 28ª edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e convidou os participantes a anunciar a sua fé mesmo nas “periferias” da humanidade.

“Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente”, disse, na homilia da missa do envio, a que preside, que segundo as autoridades locais reuniu cerca de 3 milhões de pessoas.

Francisco sublinhou que “o Evangelho é para todos e não apenas para alguns”, pelo que o testemunho dos católicos não tem “fronteiras”.

“Não é apenas para aqueles que parecem a nós mais próximos, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas”, precisou, em português.

Como habitualmente, o Papa organizou a sua intervenção, com passagens em castelhano, à volta de três ideias centrais – “Ide, sem medo, para servir” –, numa reflexão da dimensão missionária de um evento como a JMJ.

Segundo Francisco, a experiência deste encontro “não pode ficar trancada na vida de cada um ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade”.

“”Evangelizar significa testemunhar pessoalmente o amor de Deus, significa superar os nossos egoísmos, significa servir, inclinando-nos para lavar os pés dos nossos irmãos, tal como fez Jesus”, precisou.

Partilhar a experiência da fé, acrescentou, é “uma ordem” que não nasce da vontade de domínio ou de poder, mas “da força do amor”.

A homilia do primeiro Papa latino-americano da história da Igreja deixou uma palavra especial para os jovens da região.

“A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que os caraterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o bem-aventurado José de Anchieta (1534-1597), partiu em missão quando tinha apenas 19 anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem”, declarou.

Francisco pediu que os jovens católicos “não tenham medo” de anunciar Cristo, para que sintam a companhia de toda a Igreja nesta missão e, particularmente, dos sacerdotes.

“”Quando enfrentamos juntos os desafios, então somos fortes, descobrimos recursos que não sabíamos que tínhamos”, observou.

O Papa defendeu que a vida de um católico deve ser “uma vida de serviço” aos outros e desafiou os presentes a “levar a força de Deus, para extirpar e destruir o mal e a violência, para devastar e derrubar as barreiras do egoísmo, da intolerância e do ódio, para construir um mundo novo”.

“Queridos jovens, Jesus Cristo conta com vocês! A Igreja conta com vocês! O Papa conta com vocês”, assegurou, no ato conclusivo desta edição internacional da JMJ, que se iniciou na terça-feira, reunindo jovens de quase 180 países, incluindo mais de 500 portugueses.

Após a homilia, os presentes rezaram pelas 79 vítimas mortais, seus familiares e os feridos do acidente de comboio de Santiago de Compostela, Espanha, bem como pelos jovens atingidos por “diversas formas de guerra e violência”.

No momento da apresentação das ofertas ao altar esteve junto a Francisco um casal brasileiro com uma filha afetada por uma malformação fetal do cérebro.

Segundo a Rádio Vaticano, a família foi apresentada ao Papa no sábado, à saída da Catedral do Rio de Janeiro, e o próprio convidou-os a participar na cerimónia, como reconhecimento pública pela sua decisão de não terem optado pelo aborto.

Agência Ecclesia – http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=96451