O Papa desafiou esta quarta-feira em Roma as comunidades católicas a nunca deixarem esmorecer a sua busca por Deus e pelo bem, durante a missa de abertura do 184.º Capítulo Geral da Ordem de Santo Agostinho.

No dia da festa litúrgica de Santo Agostinho de Hipona (354-430), Francisco recordou a mensagem deixada por aquela figura da Igreja, que acreditava que em todas as pessoas havia uma inquietude por Deus.

Hoje, pelo contrário, os corações das pessoas parecem muitas vezes “anestesiados” e distantes dessa procura, referiu o Papa, na homilia publicada pela sala de imprensa da Santa Sé.

A celebração na Basílica de Santo Agostinho, junto às colunatas de São Pedro, contou com a presença de cerca de 90 membros da congregação religiosa, vindos de diversos países para tomarem parte no capítulo geral.

Referindo-se à vida de Agostinho de Hipona, Francisco recordou um jovem “educado na fé cristã, ainda que não batizado”, que começou por procurar respostas em outras propostas espirituais, optando por um caminho fortemente marcado pela filosofia religiosa de Maniqueu.

Com uma vida à imagem de muitos jovens de hoje, “dedicou-se com empenho nos estudos, não renunciou ao divertimento, conheceu o amor intenso e empreendeu uma carreira brilhante como maestro de retórica que o levou inclusivamente até à corte imperial de Milão”.

Apesar da opção religiosa inicial, dos muitos afazeres e do sucesso alcançado em termos profissionais, “no íntimo de Santo Agostinho permanecia a inquietude pela busca de um sentido profundo para a vida”, salientou o Papa.

“O seu coração não estava adormecido, anestesiado, Santo Agostinho não se fechou, continuou aberto à procura da verdade. É certo que errou, pecou, mas nunca perdeu a inquietude da demanda espiritual”, acrescentou.

Agostinho continuou a sua busca por Deus, apenas para – segundo Francisco – “descobrir que Deus estava à sua espera, de facto, nunca tinha deixado de o procurar em primeiro lugar”.

A partir do exemplo de Aurélio Agostinho, que se tornou bispo, doutor da Igreja e é considerado uma das figuras mais decisivas na afirmação do cristianismo no Ocidente, o Papa exortou os cristãos a manterem o seu coração disponível para Deus e voltado para “grandes coisas”.

“Será que as pessoas vibram por Deus, para anunciá-lo, para apresentá-lo? Ou deixam-se fascinar por uma mundanidade espiritual que leva a fazer tudo mas simplesmente por amor-próprio?”, questionou.

Durante a sua homilia, o Papa argentino interpelou também a congregação agostiniana e aqueles que seguem a vida sacerdotal e consagrada, para a superficialidade de uma missão apenas orientada por “interesses pessoais” e pela construção de uma “carreira”.

Só quem “mantem a chama do entusiasmo por Deus e pela sua Palavra” é que tem a capacidade de “sair de si mesmo e ir em direção aos outros”, alertou.

Fundada em 1244, a Ordem de Santo Agostinho conta atualmente com mais de 2800 membros em todo o mundo e vai escolher nos próximos dias um novo superior geral, depois de 12 anos sob a orientação do padre Robert Prevost.

Agência Ecclesia – http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=96728