É desta forma que a Liturgia canta ao mesmo tempo a Encarnação de Jesus no seio de Maria, o Seu nascimento em Belém e a própria pessoa da Maria. Nas várias situações se manifesta algo de muito grande que provoca em nós uma admiração inaudita.
A capacidade de nos admirarmos e de nos extasiarmos perante um acontecimento ou diante de alguma coisa muito bela, faz parte de nós próprios, sinal de que somos atraídos pela beleza duma paisagem, de uma obra de arte, de uma pessoa na sua realidade física ou na riqueza do seu coração, etc. Podemos afirmar que fomos criados para nos deixarmos extasiar perante o belo e nos deixarmos prender pela atração que sobre nós exerce. Que beleza! Exclamamos surpreendidos e felizes. Pois bem, se isto acontece diante de um quadro de um grande pintor, por exemplo, quanto mais diante do mistério da vida e ainda mais diante do mistério que a vida de Jesus encerra. O despertar da Fé e o seu crescimento ao longo da nossa vida estão marcados, na profundidade do nosso ser por esta admiração, quase diria pelo êxtase que de nós se apodera.
Que mistério, afinal, encerra ou manifesta a vida de Jesus e a vida de Maria? A FÉ em que fomos batizados, leva-nos a creditar na Santíssima Trindade, ou seja num Deus único em três pessoas, a saber: o PAI, o FILHO e o ESPÍRITO SANTO. Confessar que o FILHO assumiu a nossa natureza, ou seja, se fez homem no seio de Maria é algo de tal modo grandioso e à primeira vista impensável que não podemos deixar de nos perguntarmos: o que é que uma tal realidade pretende dizer-nos? Que mistério inaudito está presente na vida deste menino que vai crescer como nós e que vai terminar a sua caminhada na Terra, condenado à morte na cruz e ressuscitando ao terceiro dia? Ele próprio, pelo modo de viver e pelas suas palavras, nos dará a entender um pouco do porquê da sua vinda ao meio de nós. N’ELE se mostra o AMOR infindo de Deus por nós e a suma dignidade de todos os que fomos criados à Sua imagem e semelhança. Este mistério que nos envolve e dá forma ao nosso ser de pessoas é em si mesmo a BELEZA suma, a que nenhuma outra se pode comparar. Dele todos participamos. Em primeiro lugar JESUS CRISTO; a seguir a Sua e nossa Mãe, Maria de Nazaré. Como não se sentir arrebatado e agradecido? Do nosso coração nasce um hino de louvor, pois certas realidades só se exprimem bem através da música.
Evoco a figura de Nossa Senhora, a Imaculada Conceição, com algumas palavras do Concílio Vaticano II, n.º 52: “Querendo Deus sumamente benigno e sábio, realizar a redenção do mundo, «quando chegou a plenitude dos tempos, mandou o Seu Filho nascido de uma mulher… para que recebêssemos a adoção de filhos» (Gál.4,4-5)
Os fiéis – unidos a Cristo na sua cabeça, e em comunhão com todos os seus santos – devem também e em primeiro lugar, venerar a memória da gloriosa sempre Virgem Maria, MÃE de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo.“