A primeira leitura deste domingo é do Deuteronómio que é, como sabemos, um dos cinco primeiros livros da Bíblia, e apresenta um conjunto de ensinamentos feitos por Moisés ao povo judeu sobre o conteúdo e as exigências da Aliança celebrada no Monte Sinai. Lembremo-nos que esta Aliança constitui um acontecimento muito importante para a relação de Deus com o Seu povo e a fidelidade à mesma, um compromisso de Deus e do povo judeu. Devia estar sempre presente na memória e na vida de todos. A fidelidade é a grande marca da verdade das relações entre as pessoas e com Deus. Mas o povo judeu foi muitas vezes tentado a trocar a Aliança pela idolatria e pelas práticas daí derivadas: a feitiçaria, a magia, os sacrifícios humanos, etc. Moisés e os outros profetas não se cansam de denunciar estes desvios e de insistir que o regresso aos compromissos é o caminho a seguir para uma verdadeira relação com Deus. A missão dos profetas continua atual perante tantas infidelidades. São Paulo, de quem há dois dias celebrámos o encontro com Cristo ocorrido no caminho de Damasco, fala-nos hoje de um assunto muito significativo para todos – o casamento ou o celibato assumido pelo Reino de Deus. Ambas as realidades devem ser vistas à luz da FÉ, pois quer uma quer outra são caminhos de santidade. Se nesta passagem nos parece que Paulo prefere o celibato por causa do Reino de Deus e também das preocupações, de facto, assim não acontece. Nos escritos deste insubstituível teólogo, quando ele fala do casamento, fá-lo de uma forma muito elevada e apresenta o casamento como grande sinal e grande sacramento. Os dois estados de vida, olhados à luz de Cristo ressuscitado, encontram a sua raiz no chamamento de Deus. Ambos são expressão da enorme riqueza espiritual de que somos revestidos desde o nascimento e desde o batismo.

O Evangelho de S. Marcos que hoje ouvimos proclamar, no seu conjunto pretende dar resposta a esta pergunta: quem é este Homem? Marcos procura estar atento às reações das pessoas que Cristo encontra e às observações que fazem a Seu respeito. Nas pessoas que hoje Marcos apresenta manifesta-se a admiração e o entusiasmo sereno. As palavras e os gestos de cura de um doente grave, chegam ao íntimo daqueles que estão presentes na sinagoga de Cafarnaum. Pouco a pouco vão descobrindo quem é Jesus e a mensagem de que é portador. É este o caminho da FÉ. Tem sempre um começo. Depois vai crescendo, crescendo até descobrirmos que Ele está connosco em todos os momentos e em todas as situações da vida. Acolhemo-Lo e ele vem morar no meio de nós. “Eu estou à porta e chamo. Se alguém me abrir a porta Eu entrarei em sua casa e cearei com ele.

Padre Manuel Magalhães Fernandes