O livro do ÊXODO de que ouvimos hoje uma passagem, tem um lugar muito significativo na Liturgia da Quaresma. Começa com a ida dos filhos de Israel para o Egipto e vai acompanhando a história deste povo que é libertado da sujeição no Egipto e caminha para a Terra dos seus antepassados, para aí construir uma vida digna e livre da opressão. No decorrer deste percurso, longo e demorado, vários acontecimentos têm lugar. A experiência que ilumina todas as demais é a de que DEUS está tão próximo de todos os membros deste povo e atua em todos os momentos da sua vida, que sem Ele nada se conseguiria. Tenhamos presente que há um conjunto de realidades que são muito simbólicas. Lembremos apenas estas: o deserto, a água que brota da rocha, o alimento que recebem todos os dias, as tábuas da Aliança, o bezerro de ouro que fabricam, as revoltas do povo contra Moisés e contra Deus, a fidelidade de Deus ao projeto de libertar o Seu povo, etc. Neste conjunto de acontecimentos o que é que podemos destacar como mais importante para o povo judeu daquela época e para nós hoje? Penso que é a consciência de serem um POVO, uma comunidade que se vai construindo no interior de cada um e no empenhamento de todos para chegarem à união sempre maior e a uma relação com o seu Deus de tal modo profunda que dela nasce um NOVO POVO. A ALIANÇA do Sinai é a promessa da Nova Aliança que no novo MOISÉS (JESUS) se realiza no Calvário e na RESSURREIÇÃO.

Da extraordinária síntese de Paulo na Carta aos Coríntios (vejamos o que diz sobre o escândalo dos judeus e a loucura dos gentios face à cruz de Jesus e, ainda, sobre a SABEDORIA de Deus e a LOUCURA de Deus) como estas palavras nos colocam diante da nossa pequenez e das nossas ilusões! E como cantam a MISERICÓRDIA de Deus que nos ama sem limites.

O texto do Evangelho de João em que Jesus fala do TEMPLO do Seu corpo leva-nos a descobrir que o verdadeiro templo é a pessoa do Homem Cristo Jesus e que tudo na Fé desagua no Amor aos outros porque Deus ama a todos.

Padre Manuel João Magalhães Fernandes