Hoje tornou-se difícil falar do sofrimento. Queremos muitas vezes fazer de conta de que ele não existe nas nossas vidas, fazer de conta de que estamos bem, quando sofremos interiormente. Muitas vezes, numa resposta rápida ao cumprimento de alguém, dizemos: ‘estou bem, obrigado!’ Mas será que estamos realmente bem? Ou queremos não falar do assunto?

Penso que estas questões se agravam quando nos referimos à morte. Aí habitualmente lidamos de duas formas. Ou compadecemo-nos de quem sofre pela morte de outrem ou deixamo-nos levar por essa onde de comercialização da morte. Explanando, imaginemo-nos a comer à mesa, com a televisão ligada. De repente, ouvimos soar uma notícia de um grupo de pessoas que faleceu numa catástrofe ou num acidente e a nossa primeira reação é dizermos ‘Coitados!…’. Mas se for preciso de imediato sem escrúpulo algum dizemos também ‘Passa-me a salada por favor!’ Talvez seja apenas ironia, mas será que é apenas isso?

Nós cristãos somos chamados a mais… somos chamados a ver de uma outra forma tanto o sofrimento, como a morte. O apóstolo Paulo dizia à comunidade de Corinto: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Mas sejam dadas graças a Deus que nos dá a vitória por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Cor 15, 55-57)

Viver o Tríduo Pascal, viver o Mistério da Paixão, Morte e de Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo é e só poderá ser descobrir que a morte foi vencida, que a VIDA reina para sempre!

Não é por acaso que chamamos ao espaço das sepulturas cemitério. Antigamente os romanos chamavam-lhe necrópole, que quer dizer à letra ‘cidade dos mortos’. Nós hoje chamamos cemitério, que quer dizer dormitório, lugar onde se dorme. Quer isto dizer que nós, cristãos, acreditamos que a morte não passa de uma passagem da morte à vida, a mesma que Jesus fez e por meio da qual Ele nos salvou. Queira Deus começar o bem que em nós começou!

Pedro Sousa