O Evangelho deste 4.º domingo apresenta-nos a reação do povo judeu e da multidão à pregação de Jesus na singagoga de Nazaré. Seguir Jesus é um compromisso para toda a vida, que exige muitas renúncias e sacrifícios. O Cristão participa na tripla função de Jesus: ser profeta, rei e sacerdote; desta maneira, conscientemente, abrimo-nos aos sofrimentos que acompanham o nosso anúncio. Ser profeta é falar em nome de Jesus, esta mesma pessoa que muitas vezes gera confusão e ódio naqueles que não desejam conhecer a verdade. E porquê este sofrimento e esta perseguição? O mundo não O conheceu; por isso não irá conhecer-nos. É que nós vivemos no mundo mas não somos do mundo. O caminho do cristão consiste em aceitar os desafios que o Evangelho nos traz e estarmos dispostos a viver o Evangelho em todas as circunstâncias da nossa vida.

Jesus foi rejeitado pelos seus. “Nenhum profeta é bem recebido na sua terra”. Como cristãos, seremos rejeitados, humilhados e odiados. Apesar disso, caminhamos para a frente na retidão, no amor e na entrega, tal como Jesus fez. Esta é a nossa vida. Somos convidados hoje a trilhar os caminhos da fé em Jesus Cristo, o Senhor. A nossa fé não provém dos milagres que podem acontecer como expressão da nossa fé. A nossa fé consiste na adesão amorosa ao projeto de Jesus: um projeto de santidade, de vida coerente e de caminho seguro para a vida em Deus, a vida eterna. A fé fortalece-nos nas tentações quotidianas, e faz de nós homens e mulheres capazes de confiar na misericórdia do Pai e de ir ao encontro dos mais fracos na sociedade. Ser profeta é levar este anúncio alegre sem olhar às suas consequências.

O profeta, todo o cristão, é aquele que avança de olhos postos em Deus mas também de olhos postos no mundo. Ser cristão ou profeta é compreender e viver este duplo chamamento. Preocupar-se com sua própria salvação mas olhar à sua volta, preocupado com a salvação de toda a humanidade. Ou seja, ajudar os outros a descobrir o caminho que devemos trilhar. O profeta deve acreditar naquilo que anuncia, pois ninguém pode dar o que não tem. Não podemos, por exemplo, prometer aos outros alegria e paz se tais virtudes não se encontram em nós. Há um ditado na língua “Asante”, uma das línguas do povo do Gana, que diz “se o cego quer atirar uma pedra certamente já tem a pedra na mão ou sabe onde a encontrar”. Para sermos profetas fecundos temos necessidade de estar enraizados na Palavra de Deus. Ninguém pode dar o que não tem. Essa Palavra é que alimenta e fortalece diariamente a nossa fé.

Obrigado Senhor pela vocação cristã e fortalece-nos para que nos dias turbulentos da vida consigamos levantar-nos para anunciar, sem desânimo, a tua Boa Nova.

Bom domingo, caros amigos e paroquianos.

O Vosso Amigo e Pároco,
P. Andrew Prince