A visita apostólica do Papa Francisco aos Emirados Árabes Unidos decorreu nos dias 03 a 05 de Fevereiro. O Papa Francisco, o primeiro líder da Igreja Católica a pisar o solo da península arábica, berço do Islão, e o grande imã de Al-Aazhar assinaram uma declaração que condena o terrorismo e a intolerância. A declaração de fraternidade, já considerada histórica, pretende a paz entre nações, religiões e raças, e foi assinada diante de uma audiência composta por diferentes líderes religiosos, do Cristianismo ao Islamismo, passando pelo Judaísmo e não só. O documento tem como tema “A fraternidade humana em prol da paz e da convivência comum”. No documento está escrito que tanto o Vaticano como Al-Azhar vão trabalhar em conjunto para combater o extremismo.
Destacamos neste boletim alguns dos pontos abordados na declaração. Fica o convite para a lerem, mais tarde, na íntegra.
Este documento, de acordo com os Documentos Internacionais anteriores que destacaram a importância do papel das religiões na construção da paz mundial, atesta quanto segue:
- A forte convicção de que os verdadeiros ensinamentos das religiões convidam a permanecer ancorados aos valores da paz; apoiar os valores do conhecimento mútuo, da fraternidade humana e da convivência comum; restabelecer a sabedoria, a justiça e a caridade e despertar o sentido da religiosidade entre os jovens, para defender as novas gerações a partir do domínio do pensamento materialista, do perigo das políticas da avidez do lucro desmesurado e da indiferença baseadas na lei da força e não na força da lei.
- A liberdade é um direito de toda a pessoa: cada um goza da liberdade de credo, de pensamento, de expressão e de ação. O pluralismo e as diversidades de religião, de cor, de sexo, de raça e de língua fazem parte daquele sábio desígnio divino com que Deus criou os seres humanos.
- A justiça baseada na misericórdia é o caminho a percorrer para se alcançar uma vida digna, a que tem direito todo o ser humano.
- O diálogo, a compreensão, a difusão da cultura da tolerância, da aceitação do outro e da convivência entre os seres humanos contribuiriam significativamente para a redução de muitos problemas económicos, sociais, políticos e ambientais que afligem grande parte do género humano.
- O diálogo entre crentes significa encontrar-se no espaço enorme dos valores espirituais, humanos e sociais comuns, e investir isto na propagação das mais altas virtudes morais que as religiões solicitam; significa também evitar as discussões inúteis.
- A proteção dos locais de culto – templos, igrejas e mesquitas – é um dever garantido pelas religiões, pelos valores humanos, pelas leis e pelas convenções internacionais. Qualquer tentativa de atacar locais de culto ou de os ameaçar através de atentados, explosões ou demolições é um desvio dos ensinamentos das religiões, bem como uma clara violação do direito internacional.
- O terrorismo execrável que ameaça a segurança das pessoas, tanto no Oriente como no Ocidente, tanto no Norte como no Sul, espalhando pânico, terror e pessimismo não se deve à religião.
- O conceito de cidadania baseia-se na igualdade dos direitos e dos deveres, sob cuja sombra todos gozam da justiça.
- O relacionamento entre Ocidente e Oriente é uma necessidade mútua indiscutível, que não pode ser comutada nem transcurada, para que ambos se possam enriquecer mutuamente com a civilização do outro através da troca e do diálogo das culturas.
- É uma necessidade indispensável reconhecer o direito da mulher à instrução, ao trabalho, ao exercício dos seus direitos políticos. Além disso, deve-se trabalhar para libertá-la das pressões históricas e sociais contrárias aos princípios da própria fé e da própria dignidade.
- A tutela dos direitos fundamentais das crianças a crescer num ambiente familiar, à alimentação, à educação e à assistência é um dever da família e da sociedade. Tais direitos devem ser garantidos e tutelados para que não faltem e não sejam negados a nenhuma criança em nenhuma parte do mundo. (www.vatican.va)
Convido-vos, portanto, a uma reflexão profunda para podermos chegar a reconciliação e à fraternidade entre todos os seres humanos, admitindo a nossa condição como filhos e filhas do mesmo pai. Que a paz reine no mundo inteiro!
Nossa Senhora da Paz, Rogai por nós!
P. Andrew Prince