O relato bíblico da cura dos dez leprosos, traz uma lição preciosíssima de gratidão, mas também de indiferença. A gratidão faz-nos ver o bem. Quando somos gratos, reconhecemos que estamos em dívida, que recebemos mais do que merecemos. A indiferença do outro lado, torna-nos mais voltados para nós; vivemos no nosso cantinho sem nos preocuparmos muito com os outros.
A lepra era uma doença terrível nos tempos bíblicos. Além de sofrer de deficiência física e desfiguração, uma pessoa aflita com a lepra era considerada ritualmente impura e proibida de entrar em contacto com pessoas saudáveis (Lv 13. 45-46). Segregados da sociedade, aqueles que sofriam de lepra viviam na periferia das cidades e pediam esmolas, contando com a caridade para a sua sobrevivência. Por isso, um dos maiores desafios era o isolamento. A sociedade judaica da época, erradamente, acreditava na teologia da causa e efeito. Todas as doenças eram consideradas um castigo pelos pecados, mas a lepra era o símbolo do próprio pecado. Jesus inova, pois, esse conceito, curando o leproso. Isso é muito significativo, porque arranca o enfermo da morte social e da morte religiosa, é como um ressuscitar dos mortos aqueles que se encontravam mortos pela marginalização. Através desta cura compreendemos que Deus não marginaliza nem exclui ninguém e que todos os homens são chamados a integrar a família dos filhos de Deus. A presença de Cristo no meio de nós é um sinal vivo e um aperfeiçoamento da antiga lei.
Jesus não só se aproximou, mas tocou no leproso estendendo a sua mão. Esse gesto é significativo. É um gesto de profunda compaixão. A Sua compaixão é fruto do amor, identificando-se com o outro. E essa identificação é antiga, desde a encarnação, quando entrou na condição da nossa história.
A exemplo do leproso samaritano, é preciso que saibamos reconhecer, com gratidão, o amor de Jesus Cristo sobre todos os homens e a nossa condição de leprosos (pecadores) que necessitamos da cura divina e da purificação interior. Precisamos de encontrar Jesus. Jesus ensina-nos como devemos ter atitude de proximidade, solidariedade e aceitação.
Jesus convida-nos a seguir o nosso caminho; isto é, o caminho do testemunho, da compaixão, do amor e a negar o do egoísmo, da indiferença, do comodismo, da preguiça, etc. O Papa Francisco lança-nos um desafio neste mês com a proclamação do mês missionário extraordinário com o tema “Batizados e Enviados: A Igreja de Cristo em missão no mundo”.
Que sejamos iluminados e abençoados para a missão.
Desafio da Semana:
- Procure e estenda a mão a alguém que sofre!
- Que tipo de Cristão (Missionário) sou eu?
O Pároco,
Pe. Andrew Prince