Para qualquer relação ganhar estirpe e atingir os seus objetivos deve haver um certo nível de humildade. As pessoas envolvidas devem exercer esta virtude tanto no diálogo como na disciplina pessoal. A humildade é uma virtude, por vezes, bem esquecida entre nós. O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se Cristo prometeu o Reino dos Céus aos mais pobres, foi porque os grandes da Terra imaginavam que os títulos e as riquezas eram a recompensa dos seus méritos, e que a sua essência era mais pura que a do pobre.
Nos Evangelhos, Jesus deu-nos muitas lições insinuando a importância de se ser humilde para alcançar o Reino de Deus. Por exemplo, no episódio em Mc 10,13 Jesus afirmou que aqueles que acolhem o reino de Deus como crianças podem entrar nele.
O Evangelho deste trigésimo domingo oferece-nos uma meditação sobre o orgulho e a virtude da humildade. Em Lc 18, 9–14 Jesus põe em confronto a oração do soberbo e do humilde, contando-nos a parábola do fariseu e do publicano. No princípio desta parábola Lucas deu-nos a chave da leitura e porque é que a conta; Jesus falava a uns que confiavam em si mesmos, como se fossem justos, e desprezavam os outros. A sua intenção é para nos ajudar a queimar o orgulho e a arrogância que nos habitam e orientam a nossa vida, quer na nossa relação com Deus, quer na nossa relação com os outros.
Os fariseus cumpriam as leis do Antigo Testamento com grande perseverança, sempre fiel à Lei. A Lei era para os fariseus a expressão da vontade de Deus. Cumprir a Lei na sua totalidade e em todas as suas prescrições era o bilhete de entrada para a vida eterna. O fariseu rezava em público no Templo, lugar privilegiado para a oração; oração de agradecimento por fazer as coisas melhor do que a sua obrigação legal. Onde está o fundamental, ou seja, onde está o erro do fariseu? O primeiro que podemos identificar no texto de São Lucas é o desprezo pelos outros. Quando começamos a achar que somos melhores do que outros na fé porque cumprimos a Lei da Igreja e respeitamos os Sacramentos. E o segundo é a autojustificação. A salvação é um dom de Deus. Devemos portanto abrir o nosso coração aos dons de Deus e criar um coração puro, rumo a santidade. A oração do fariseu mostra que ele não precisa de Deus a não ser para ser recompensado pelas suas boas obras.
Por outro lado, o publicano admite a sua condição de pecador. Aquele que era considerado ladrão, um explorador, uma pessoa carregada de pecados. O publicano tem consciência de que sente a necessidade de Deus e tem uma confiança absoluta em Deus. Ele pede ao mesmo tempo a misericórdia de Deus porque é Pai amoroso de todos.
Jesus convida-nos a sermos simples e humildes em tudo. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado. Portanto, devemos incutir em nós uma atitude de reconhecimento humilde dos próprios limites, uma confiança absoluta na misericórdia de Deus e uma entrega confiada nas mãos de Deus.
Deus vos abençoe!
Pista de Reflexão
– Com quem me identifico nesta passagem?
Desejo-vos uma semana fecunda.
O Pároco,
Pe. Andrew Prince