O Evangelho deste domingo leva-nos ao encontro de mais um publicano, Zaqueu, em Jericó. No domingo passado, o texto evangélico apresentou-nos apenas a oração de um publicano e neste domingo fala-nos de um dos seus líderes. Os publicanos sofriam um repúdio muito forte pelos fariseus pois, entre outras coisas, cobravam mais impostos do que era devido, praticando extorsão e enriquecendo ilicitamente. Eram considerados traidores, ladrões.

Zaqueu conhecia a Palavra de Deus e no íntimo do seu coração sentia a falta da comunhão perfeita e agradável com Deus. Ele ilustra isso quando procura ver quem era Jesus. Não queria apenas ver o Seu rosto, mas entender a Sua identidade e a Sua intimidade. Este percurso exige um movimento e um encontro pessoal com Ele. Devemos sempre ter este desejo de ver Jesus e de estar com Ele.

Zaqueu não teve um caminho de rosas para ir até Jesus. Teve de enfrentar alguns obstáculos para poder alcançar o seu objetivo. Em primeiro lugar, diz-nos São Lucas, Zaqueu era de pequena estatura; a imagem que temos de nós mesmos, pode definir o que somos. Estava consciente da sua condição. Era considerado um pecador e assim sentia-se insignificante para se aproximar da presença do Salvador. Além disso, teve de ultrapassar a vergonha da sociedade, da multidão e dos seus contemporâneos. Não se deteve perante aquilo que a sociedade pensava dele, mas tomou a iniciativa e subiu a um sicómoro para poder ver Jesus. Ignorou completamente o murmúrio da multidão. O resultado do seu esforço deu grandes benefícios; Jesus olhou-o, mudou a sua vida e salvou a sua casa. Este poder transformador não está no dinheiro, no prestígio, no lucro, na fama. Este tipo de transformação só acontece quando estamos com Jesus, sentados com Ele, ouvindo-O e deixando a Sua Palavra interpelar-nos.

O Evangelho oferece-nos através de Zaqueu o amor de Jesus pelos arrependidos, e um exemplo de alguém que teve a vida transformada depois de um encontro com Ele. Mostra-nos, mais uma vez, a atenção de Jesus pelos humildes, os rejeitados e desprezados. Os concidadãos de Zaqueu desprezavam-no porque praticava injustiças com o dinheiro e com o poder e, possivelmente, também porque era pequeno de estatura; para eles, Zaqueu não é mais que “um pecador”. O dom da salvação reina sobre todas as nossas aspirações e desejos e nenhum estado é incompatível com a salvação proposta por Jesus. No caso específico de Zaqueu, não importa o facto que ele exercia uma profissão desprezada, mas o que contou verdadeiramente foi a sua disposição em acolher a mensagem e sanar os erros cometidos.

O Evangelho é um desafio de salvação. Devemos manter aceso em nós o desejo de querer ver Jesus, de O encontrar, de O seguir, de O levarmos para casa, de O trazermos para a nossa vida. Só a humildade nos coloca no caminho de Jesus, de contrário Ele passa e nós ficamos em cima do sicómoro, ou comodamente a murmurar pelos outros que avançam caminhando com Ele.

Que o Senhor aumente em nós o desejo sincero de vê-Lo e de fazer a experiência viva com Ele.

Pista de Meditação

– Qual é o obstáculo que me impede de me encontrar com Jesus?

Uma semana abençoada para todos.

O Pároco,
Pe. Andrew Prince