No sentido religioso e social, entre os israelitas, existia uma classificação segundo as normas chamadas de código da pureza ritual (Levítico 11-15). Nestes capítulos, são apresentadas questões relativamente à pureza, nomeadamente, os animais puros e impuros; purificação da mulher que dá à luz; purificação da lepra e a impureza sexual. Estas questões foram temas de grandes debates e discussões no judaísmo do Antigo Testamento.
O Evangelho deste sexto domingo do tempo comum aborda o tema do encontro entre Jesus e um leproso. A lepra, naquela época, era uma causa de exclusão e trouxe consigo o estigma da marginalização. Socialmente falando, era muito grave e os sacerdotes tinham a obrigação de declarar impuras as pessoas infetadas e excluíam tais pessoas de qualquer contato social e comunitário. Implicava um isolamento total e a pessoa não podia participar na assembleia do povo nem no culto a Deus. Ainda pior, a pessoa deve morar fora do acampamento. O leproso era visto como sinal de impureza e de rejeição por parte do Senhor. Por isso, vivia num isolamento tanto social como religioso.
O texto Evangélico convida-nos a meditar sobre a reação e a atitude de Jesus diante de uma situação de marginalização e discriminação. Jesus mostra que Ele é Aquele que é próximo de nós. Para Ele, não há pessoas excluídas ou isoladas porque todos somos filhos do mesmo Pai. Os rabinos assemelhavam a situação da lepra a um morto porque o leproso estava separado da comunidade de vida com Deus. Neste episódio do encontro, vemos uma presença física de Jesus com o leproso. Ele tocou aquele que ninguém podia tocar criando assim uma rutura entre o pensamento de isolamento, a atitude de misericórdia e a compaixão do Pai para a Humanidade. Jesus mostra a Sua vontade de nos aproximar e o Seu poder de nos curar e, assim, restituir a nossa alegria perdida. Se quiseres, podes curar- me. Quero, fica limpo. A fé confiante do leproso diante do poder de Jesus faz-nos entender que, independentemente da nossa realidade social, devemos manter firme e constante a nossa fé.
Fixando um olhar atento à nossa sociedade, quantos irmãos e irmãs são afastados, excluídos ou isolados devido à doença, pobreza, estatuto social, atitude, etc. Somos chamados a imitar o Mestre no Seu gesto de misericórdia, amor, entrega e amizade, assim como da Sua atitude de proximidade, de solidariedade, de aceitação. No reino de Deus, todos somos irmãos da mesma casa.
Pistas de Reflexão
- 1. Será que acolho os irmãos, imitando Jesus que acolhia todas as pessoas?
- 2. Durante esta semana procure realizar um ato de bondade a favor de um idoso que viva sozinho, ainda seja à distância.
Votos de uma excelente semana e um bom início de Quaresma para todos.
Pe. Andrew Prince