Aos caríssimos sacerdotes, diáconos, consagrados e fiéis leigos do Patriarcado de Lisboa, sobre a
avaliação do Sínodo Diocesano:
Desejo-vos a todos um Tempo Pascal muito preenchido pela presença do Ressuscitado nas vossas
vidas, comunidades e famílias. Presença que nos certifica da sua vitória sobre a morte e tudo o mais que
nos entristece e definha, como a pandemia, que havemos de superar também, com responsabilidade
e determinação.
O Tempo Pascal no Patriarcado será particularmente dedicado à avaliação do Sínodo Diocesano,
realidade por nós vivida desde 2014. Um caminho relativamente longo, que empreendemos para pôr
em prática o grande programa pastoral proposto à Igreja pelo Papa Francisco na exortação apostólica
Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), de 24 de novembro de 2013.
No número 25 da exortação, o Papa esclareceu bem o seu objetivo: «Aquilo que pretendo deixar
expresso aqui, possui um significado programático e tem consequências importantes. Espero que
todas as comunidades se esforcem por usar os meios necessários para avançar no caminho de uma
conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos
serve uma simples “administração”. Constituamo-nos em “estado permanente de missão”, em todas as
regiões da terra».
No número 31, acrescentou o Papa: «Na sua missão de promover uma comunhão dinâmica,
aberta e missionária, deverá [o bispo diocesano] procurar o amadurecimento dos organismos de
participação propostos pelo Código de Direito Canónico e de outras formas de diálogo pastoral […].
Mas o objetivo destes processos participativos não há de ser principalmente a organização eclesial,
mas o sonho missionário de chegar a todos».
Foi para concretizar esta indicação papal que, ouvido o Conselho Presbiteral, lancei a 22 de janeiro
de 2014, Solenidade de São Vicente, Padroeiro do Patriarcado, o nosso Sínodo Diocesano. Seguiram-se cinco etapas de PREPARAÇÃO, em que centenas de grupos sinodais, envolvendo cerca de vinte
mil diocesanos, estudaram os cinco capítulos da exortação apostólica e enviaram conclusões para
o secretariado entretanto constituído. Com base nessas conclusões, seguiu-se a REALIZAÇÃO ou
CELEBRAÇÃO, em novembro/dezembro de 2016, da assembleia sinodal, da qual saiu a Constituição
Sinodal de Lisboa. Essa assembleia coincidiu com o tricentenário da qualificação “patriarcal” de Lisboa.
Podeis ver na Vida Católica, órgão oficial do Patriarcado (quarta série, número 13, dezembro de 2017),
muito do que se fez e propôs nessas duas fases do Sínodo.
De então para cá, dedicámos quatro anos à RECEÇÃO sistemática da Constituição Sinodal de
Lisboa, em torno de quatro números axiais, escolhidos pelas vigararias: Número 38: Fazer da Palavra
de Deus o lugar onde nasce a fé. Número 46: Viver a liturgia como lugar de encontro (com Deus e a
comunidade). Número 53: Sair com Cristo ao encontro de todas as periferias sociais e geográficas. E
também o Número 60, transversal a todos os outros: Fazer da Igreja uma rede de relações fraternas, na
corresponsabilidade comunitária.
Foram muitas as iniciativas para a respetiva concretização, provindas dos Departamentos
diocesanos ou organizadas vicarial e localmente. Lembro, por exemplo, quanto se fez em relação à
Palavra de Deus e às condições para a sua proveitosa leitura, meditação e transmissão comunitária. O
mesmo em relação à Liturgia, sobretudo com as ações de formação feitas pelo respetivo Departamento
nas dezoito vigararias. Também o que se tem feito no campo sociocaritativo, em especial com as
“semanas vicariais da caridade”, tudo a partilhar no Congresso de maio próximo. E sem esquecer
o incremento das instâncias de corresponsabilidade comunitária, como os conselhos pastorais e
económicos das paróquias, com a colaboração da vigararia geral.
É sobre este caminho de sete anos que faremos agora a necessária AVALIAÇÃO. O Secretariado
do Sínodo Diocesano, junta a esta carta as indicações necessárias para que tudo se faça com boa
cadência, participação e resultado. Dessa avaliação sobressairá o que melhor resultou e mais precisa
de ser continuado, para que a nossa Igreja de Lisboa cresça em louvor, caridade e missão. A assembleia
final de avaliação acontecerá a 18 e 19 de junho. Mas será fruto do que fizermos até lá. Conto muito
com a colaboração de todos e de cada um!
Na Páscoa da Ressurreição do Senhor!
Lisboa, 4 de abril de 2021
† MANUEL, Cardeal-Patriarca