A vida humana e as nossas experiências quotidianas ensinam-nos a entender que a vida tem duas faces, a face alegre e a face desafiadora. Mas a verdade é que nenhum Ser Humano gosta da face desafiadora. Quase sempre fugimos dela. Contudo, fugir nunca é a resposta adequada porque não nos deixa aventurar e construir uma vida sólida. Não devemos pensar que as cruzes da vida constituem sinais da maldição de Deus, mas sim a Sua bênção se as soubermos valorizar.

O texto do Evangelho para este XXIV domingo do tempo comum reflete o episódio sobre as confissões de Simão Pedro em Cesareia de Filipe, onde Jesus pergunta aos Seus discípulos sobre a Sua identidade: “quem dizeis que Eu sou?” (v. 29). Parece que, para alguns, não estava tão claro quem era Ele. A resposta de Pedro é clara: “Tu és O Messias” (v. 29). Porém, logo depois dececiona-O, pois, a visão de Pedro ainda é puramente humana, arraigada na conceção dos mestres e doutores da lei (cf. v. 32). Jesus repreende Pedro por este não entender o novo messianismo (cf. v. 33). Duas perguntas que o texto nos desafia a fazer: Quem é Jesus? Qual é a Sua missão, ou seja, em que consiste ser O Messias?

Literalmente, podemo-nos perguntar porque é que o Filho de Deus esvaziou-Se a Si mesmo e assumiu a condição de servo?

O Mistério da Encarnação tem a sua conclusão no Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Cristo. O Filho de Deus feito Homem veio para nos resgatar do domínio da morte através do derramamento do Seu sangue. O Seu primeiro caminho foi através do sofrimento para a chegar à glorificação. Este foi o modelo escolhido por Ele. Por isso, o Messias veio para servir e dar a Sua vida. E esta imagem era oposta aquela que a tradição judaica ensinava de que o Messias não pode sofrer, mas sim apenas ter uma vida de sucesso e triunfos.

Através desta experiência com os discípulos, Jesus apresenta-nos algumas indicações concretas sobre como ser discípulo:

  • 1. Somos chamados a servir uns aos outros.
  • 2. Não podemos ficar apegados a algumas atitudes e situações contrárias ao Evangelho de Cristo (renunciar a si mesmo).
  • 3. Acolher os sofrimentos como meio de crescimento, confiando sempre na força da Palavra (carregar a sua cruz todos os dias).
  • 4. A nossa vida só encontra sentido quando é partilhada e oferecida para uma boa causa.

Que Deus nos dê força e coragem para acolhermos diariamente as vicissitudes no nosso caminho cristão e nos refugiarmos nas asas poderosas.

Pistas de Reflexão

  • 1. A que é que estou apegado na minha vida e não consigo renunciar para viver a identidade de discípulo?
  • 2. Estou disposto a sofrer por causa do Evangelho?
  • 3. Qual é a imagem que tenho do Messias?

Votos de um excelente domingo e uma frutuosa semana.

Paz e bem.
Pe. Andrew Prince