A liturgia da Palavra neste XXVI domingo do Tempo Comum, particularmente o Evangelho, oferece-nos uma mensagem assente em três ângulos. O primeiro ângulo estabelece o fato de que Jesus não é monopólio da comunidade cristã, ou seja, ninguém pode achar ter propriedade exclusiva d’Ele; o segundo apresenta a ideia de que deve haver uma boa relação entre os vários membros de uma comunidade; e o terceiro expressa, claramente, que cada um de nós, embora faça parte da comunidade, tem uma obrigação para consigo mesmo rumo à sua santificação.
O Evangelho de hoje começa com uma inquietação ou questão surpreendente dirigida a Jesus por João. Os discípulos aproximam-se de Jesus com um problema: viram alguém a expulsar um demónio em nome d’Ele, e trataram logo de o impedir, julgando terem o direito exclusivo sobre Jesus e o monopólio da Sua ação libertadora. A resposta de Jesus ensina-nos que o essencial é a fé e não uma ideia de uma religião privilegiada. Muitas vezes os cristãos não acabam por superar uma mentalidade de religião privilegiada que impede de valorizar todo o bem que se promove em áreas distantes da fé. Quase inconscientemente tendemos a pensar que somos os únicos portadores da verdade e que o Espírito de Deus só opera por nosso intermédio. Jesus adverte os Seus discípulos sobre a inveja, a intolerância e o escândalo. Somos convidados a evitar condutas indignas. Não nos podemos tornar pedra de tropeço para os outros quando somos rudes, injustos ou mesmo quando humilhamos. Além disso, o Evangelho desafia-nos a aprender a virtude cristã da tolerância. A tolerância cristã pede que suportemos as fraquezas dos outros, mas sem tolerar o mal que fazem. Portanto a tolerância ensina-nos que devemos:
- Procurar permanecer fiéis à nossa consciência e fé.
- Respeitar as diferenças que encontramos.
- Trabalhar juntos em projetos de interesse comum.
- Afirmar o que é bom na posição do outro, mesmo quando discordamos em certas coisas.
- Deixar que a luz de Cristo brilhe por meio das nossas palavras e dos atos de amor.
O Evangelho convida-nos a cultivar a disciplina pessoal. É esta capacidade que permite a concretização de uma meta sem existir desvio e falta de motivação. Isto é, devemos evitar causar a nós próprios um obstáculo à fé, ao seguimento de Jesus. A nossa ambição deve ser seguir Jesus e o Seu Evangelho e não satisfazer as nossas próprias ambições e interesses. Adverte-nos que as nossas próprias seguranças e a nossa autossuficiência nos podem desviar do Reino de Deus.
Que o Senhor nos ajude a compreender que o caminho do Reino está aberto para todos e que ninguém tem uma exclusividade de Jesus e da Salvação. Deus não é propriedade de ninguém.
Pistas de Reflexão
- Porque é que pertenço à Igreja?
- Qual é a minha atitude relativamente à fé para com aqueles que não fazem parte da Igreja Católica?
- Reze, durante esta semana, pela virtude da Tolerância.
Desejo-vos uma semana maravilhosa.
Pe. Andrew Prince
