As leituras deste domingo convidam-nos a encarar as realidades temporais como uma forma de Deus a atuar na História da Humanidade.
Na primeira leitura vemos que, apesar da penúria, Deus ama carinhosamente o Seu Povo. No Evangelho, através da narração das Bodas de Caná, Jesus veio para completar a vida de cada um de nós. As seis talhas significam o número imperfeito e Jesus quer Ser a talha que completa e que dá sentido à vida humana e à nossa história.
Este é o sentido da nossa vida cristã: descobrir e redescobrir em cada instante que Cristo é quem completa a nossa vida. Muitas vezes podemos ter a impressão de que a vida cristã é carregada de rotinas que não trazem nenhuma novidade. Outras vezes desanimamos, pensando que a nossa dimensão religiosa está a enfraquecer e vamos perdendo a vontade de rezar, de ir à Igreja, de nos cultivarmos… caímos num esquema profundo de que tudo está completo, fazendo da nossa vida cristã uma lista de atividades e preceitos que devem ser cumpridos para sermos “bons cristãos”.
Não podemos cair num desânimo e nos incomodarmos, pensando que chega de caminhar. Ser cristão significa caminhar, procurar mais e sempre mais. É sentir que ainda estamos longe de estarmos completos. É sentir que Cristo é sempre uma novidade para a minha vida. O Papa Francisco recorda-nos isto quando afirma, cintando Santo Ireneu: “Na Sua vinda, [Cristo] trouxe consigo toda a novidade». Com a Sua novidade, Ele pode sempre renovar a nossa vida e a nossa comunidade. A proposta cristã, ainda que atravesse períodos obscuros e fraquezas eclesiais, nunca envelhece. Jesus Cristo pode romper também os esquemas enfadonhos em que pretendemos aprisioná-Lo, e surpreende-nos com a Sua constante criatividade divina. Sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual. Na realidade, toda a ação evangelizadora autêntica é sempre «nova»” (Evangelii Gaudium, n.º 11.)
Cristo convida-nos sempre a avançar e a arriscar por novos caminhos. E isto é o que somos chamados a fazer nesta caminhada sinodal. Deixar que Cristo seja a única e eterna novidade que rejuvenesce a vida dos cristãos e a vida da Igreja. Deixemo-nos renovar para que Cristo seja esta alegria cristã. Deixemo-nos sentir que Cristo seja a verdadeira alegria que nos motiva sempre a caminhar.
Votos de um excelente domingo e ótima semana.
Pe. Andrew Prince