Um dos múnus de cada batizado é ser profeta no mundo. No batismo, recebemos este dom e o convite do próprio Deus para participarmos na Sua missão através da Igreja. Jesus realizou a expetativa messiânica de Israel na Sua tríplice função de Sacerdote, Profeta e Rei. A Igreja vive e cresce na graça de Deus e no empenho de tantos irmãos e irmãs que testemunham a fé.

Neste IV domingo do Tempo Comum, a liturgia da Palavra, particularmente o Evangelho, convida-nos a retomarmos a consciência desta nossa identidade: ser Profeta e usufruí-la em benefício do bem comum
De facto, podemos perguntar, o que é ser profeta para a nossa geração? Quais são as qualidades de um profeta? Como exercer a missão profética num mundo dilacerado pelo pecado? As leituras bíblicas convidam a meditar a nossa participação na função profética de Cristo.

O Evangelho de hoje é a continuação do domingo passado como nos recorda no versículo 21: “Hoje cumpriu-se esta passagem de Escritura que acabais de ouvir” e apresenta o que aconteceu na sinagoga de Nazaré depois de Jesus ter anunciado o início do ano de graça. Como o texto nos relata, a primeira reação da parte do povo não foi a hostilidade, mas a compreensão. Depois surgiu a incapacidade de o povo compreender o nexo entre as origens de Jesus e a Sua identidade como Messias, o Ungido. Ele profere palavras cheias de encanto, mas é apenas o filho de José. Portanto não pode cumprir o que promete, só o Messias o poderia fazer. Para os Seus conterrâneos, Jesus dizia blasfémias, por isso procurava dar-lhe a morte. A missão profética é muito exigente e pede sacrifícios.

Porque é que então Jesus cita dois provérbios; «Por certo Me citareis o ditado: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’ e “Nenhum profeta é bem recebido na sua terra”. A citação dos provérbios não é por acaso, pois mostra Jesus como profeta. De facto, ao citar o provérbio «Médico, cura-te a ti mesmo», Jesus está a dizer o que ainda não foi dito, mas será dito no cenário da Paixão: «Salvou os outros, que se salve a si mesmo!» (Lucas 23,35), dirá o povo; «Salva-te a ti mesmo!» (Lucas 23,37), dizem os soldados. E ao dizer: «Nenhum Profeta é bem recebido na sua pátria», Jesus está a apresentar-Se como profeta verdadeiro.

Os profetas são embaixadores da Palavra de Deus e a sua fidelidade é exigida ao máximo. São a consciência crítica do povo e alguém que se fortalece pela palavra de Deus para denunciar tudo o que causa sofrimento às pessoas. São aqueles que fazem a leitura divina dos acontecimentos humanos.

Que o Senhor nos ajude a acolher a nossa vocação de profetas e a exercê-la com coragem, amor e paz.

Pistas de Reflexão

  • Como vivo a missão de profeta na minha família?
  • Quais são as dificuldades que já que já encontrei na minha vida por ser cristão?

Desejo-vos um bom domingo e uma excelente semana de trabalho.
Pe. Andrew Prince