Neste VIII domingo do Tempo Comum o Evangelho leva-nos ao encontro de três aspetos que nos ensinam como viver uma vida autenticamente cristã, em que as nossas ações e palavras devem ser meios de anúncio da Palavra de Deus. Em primeiro lugar, Jesus dirige a pergunta: Poderá um cego guiar outro cego? (v. 39) Depois compara o modo de ser do discípulo com a parábola da trave e do argueiro e, por fim, Jesus utiliza a parábola da árvore boa e da árvore má em que Jesus coloca a importância na obra que se realiza e não na palavra, ou seja, lança-nos a ideia de que do interior ou do coração da pessoa nascem as obras boas ou más.
Jesus apresentou estes ensinamentos aos futuros guias e responsáveis da comunidade do Reino e também os dirigiu aos Fariseus. Com isto, Jesus quer mostrar que o guia de uma comunidade não pode ser cego. Ele deverá ser iluminado pela Boa Nova para que possa iluminar, também, o seu irmão. De que cegueira nos fala Jesus? Refere-se à nossa incapacidade de identificar os nossos próprios erros e defeitos. De facto, aqueles que estão envoltos nas trevas da ignorância não serão capazes de conduzir aqueles que estão em condições idênticas e calamitosas ao conhecimento da verdade. Bem, se tentarem, ambos acabarão por cair numa cova. Está parábola vem reforçar a ideia do dever que tem aquele que ensina em saber bem aquilo que ensina.
Depois da parábola da cegueira, Jesus ensina-nos que deve haver uma coerência na nossa vida entre aquilo que ensinamos e a nossa maneira de viver. Para isso, apresenta-nos a comparação da trave e do argueiro. A trave nos nossos olhos impede-nos de enxergar as nossas fraquezas e limitações. Temos que olhar sempre para nós e corrigir os nossos erros, mudar de mentalidade e comportamentos para podermos ajudar outros a crescer. Com a trave nos nossos olhos, certamente não conseguimos ver nada fora de nós. Temos que ter um olhar limpo enquanto cristãos e testemunhas da Boa Nova. Nunca deve acontecer que o discípulo de Jesus exija dos outros o que não pratica, ou pretenda corrigir no próximo o que tolera em si mesmo.
Finalmente, Jesus transmite-nos a importância de purificar o nosso interior para poder dar bons frutos, porque a boca fala daquilo que o coração está cheio. A árvore conhece-se pelos seus frutos e “não se colhem figos de um espinheiro, nem se vindimam uvas de uma sarça” (v. 44). Somos chamados a dar testemunho daquilo em que acreditamos e vivemos na nossa vida, bem como ultrapassarmos os sentimentos de hipocrisia.
Que Deus nos ajude a viver uma vida com amor, coragem e entrega dando bom testemunho da nossa fé.
Pistas de Reflexão
- Nesta semana em que iniciaremos o tempo da Quaresma, realize uma meditação de 10 minutos, refletindo sobre as traves que se encontram nos seus olhos.
- Como exerço a minha responsabilidade de líder/coordenador do meu grupo paroquial ou como pai/mãe da família?
Desejo-vos um bom início de Quaresma!
Pe. Andrew Prince