O domingo IV da Quaresma é chamado de domingo da Alegria. A liturgia de hoje faz-nos perceber que se aproxima a grande festa da Páscoa e, por essa razão, o nosso coração já se pode revestir de alegria. O Evangelho apresenta-nos a Parábola do Filho Pródigo, do amor do Pai ou do Pai Misericordioso. Esta parábola ilumina todo o Evangelho e, através dela, Jesus revela-nos o coração misericordioso do Pai que nos contagia e impele a agir do mesmo modo.

O Evangelho começa com uma inquietação dos Fariseus (separados) e dos Escribas (especialistas da lei e da sua aplicação) sobre o gesto e amizade de Jesus para com os pecadores e os publicanos. Esta é a razão principal pela qual Jesus contou esta parábola. Portanto, nesta razão de ser da parábola, encontramos duas situações distintas ou duas aproximações. De um lado, o comportamento daqueles que desejam pertencer à nova ordem estabelecida por Jesus, isto é, a atitude de misericórdia que oferece lugar para todos, particularmente para com os pecadores e os marginalizados. Por outro lado, quem se acha digno e confiante de si mesmo e procura exclusividade da salvação, é quem vive uma religião de fachada. É para estes que Jesus conta a parábola, para lhes explicar que o Seu modo de agir, ao receber os pecadores, é o modo de agir de Deus.

Os personagens desta parábola são o pai, o filho mais novo e o filho mais velho. O Pai representa Deus, rico de misericórdia e pronto para acolher todos, inclusivamente os pecadores arrependidos. É aquele que sabe conjugar o respeito pelas decisões e pela liberdade dos filhos com um amor gratuito e sem limites. O filho mais novo simboliza os pecadores e publicanos. Este filho sem juízo deixou o Pai, largou tudo, a pensar que podia ser feliz por si mesmo, longe de Deus, a procurar uma liberdade que não passava de ilusão. E a figura do filho mais velho ilustra a atitude dos fariseus e dos escribas que se acham no direito de pensar que são melhores que os outros e, por isso, merecem a salvação como uma recompensa. De facto, o filho mais velho nunca amou de verdade. Apresentou-se com uma vida hipócrita, apenas dando importância ao exterior e com um coração vazio, sem amor e uma verdadeira entrega.

Esta linda parábola do filho pródigo ensina-nos que Deus, apesar das nossas infidelidades e ingratidões, continua a propor-nos um caminho de comunhão e de amor. Contudo, este amor de Deus respeita as nossas decisões e opções. Além disso, mostra-nos a infelicidade de quem procura uma vida sem Deus na lógica do mundo e segundo os seus critérios pessoais. Também serve como uma chamada de atenção para não desprezarmos os outros, ou de acharmos que somos melhores do que o nosso próximo por causa da nossa religião. O facto de uma pessoa viver como cristão, fazendo o bem, não pode levá-la a excluir ninguém. Pelo contrário, somos convidados a participar da festa da bondade de Deus.

Que Deus nos conceda a coragem para voltarmos a Sua casa sempre que nos afastemos. A capacidade de “cair em si mesmo” é a chave para um verdadeiro arrependimento e para sermos acolhidos nos braços de Deus Pai.

Pistas de Reflexão

  • Qual dos dois filhos descreve melhor a minha condição atual enquanto cristão?
  • Será que sou o filho mais novo e velho?

Votos de uma frutuosa continuação da Quaresma!
Pe. Andrew Prince