O Evangelho sugere que o rico é condenado justamente por desperdiçar os seus bens e não atender o pobre que mendiga aos seus pés. O rico ficou indiferente ao clamor do pobre e viveu nessa indiferença. Devemos conscientizar a comunidade sobre a opção pelos pobres e isso deve ser o centro da comunidade. Por outro lado, a condenação dos ricos esconde também outra rejeição: o desprezo pela palavra de Deus. Além disso, o Evangelho ensina-nos que a vida presente nos prepara para a vida futura. Por isso, uma vida egoísta e fechada em si mesma não nos pode conduzir à vida eterna. Também nos mostra como devemos possuir os bens e não sermos possuídos por eles, vivendo o amor, a partilha e a solidariedade, sobretudo com os mais pobres, com os “Lázaros” de cada tempo. E aprendemos que, enquanto a Palavra de Deus não for acolhida no mais profundo do coração, a ponto de determinar os nossos pensamentos, escolhas e ações, permaneceremos mergulhados na escuridão, encalacrados no egoísmo, no orgulho, na autossuficiência, sem jamais entender e viver a graça do amor e da partilha.
De facto, o maior pecado cometido por muitas pessoas da nossa sociedade é o da indiferença. E este Evangelho desafia-nos a abrir os nossos olhos a todos os que nos rodeiam. Este episódio lembra a repreensão dura do Filho no juízo final: “Tive fome e não Me destes de comer, tive sede e não Me destes de beber, Eu estava […] nu e não Me vestistes” (Mt. 25, 42 a 43). Lázaro representa bem o grito silencioso dos pobres de todos os tempos e a contradição de um mundo onde a imensa riqueza e os recursos estão nas mãos de poucos. Quando ignoramos o pobre, ignoramos a Cristo.
Por fim, o Evangelho deste domingo convida-nos a fazer um exame de consciência para discernir na verdade aonde estão as verdadeiras alegrias. Seria ridículo colocar a nossa esperança nos bens materiais, já que “a figura deste mundo passa” (I Cor 7, 31). Com este conhecimento seremos capazes de viver uma vida repleta de solidariedade e de entrega. O caminho para ter a vida em plenitude é partilhar o pouco que se tem com quem nada tem.
Que Deus nos ajude a aprofundar o sentido da nossa pertença à Igreja e nos seus compromissos.
Pista de Reflexão
- Quantas vezes ignorei o pobre à minha volta? Será que presto atenção às necessidades dos irmãos?
Votos de muitas felicidades para todos e um bom domingo.
Pe. Andrew Prince Fofie-Nimoh