Depois de, no passado domingo, termos meditado sobre o poder da oração, o Evangelho deste XXX domingo vem convidar-nos a contemplar o belíssimo episódio sobre o Fariseu e o Publicano que subiram ao templo para orar. Jesus contou esta parábola para alguns que, convencidos de serem justos, desprezavam os demais (Lc. 18, 9). O que é que justifica o homem? Será a falsa piedade ou um coração que reconhece a sua miséria e pede a misericórdia de Deus? Deus olha para o interior e para o exterior do homem.

Os dois homens tiveram uma reta intenção de subir ao templo, mas a disposição interior e atitude eram contrárias. Ambos procuram entrar e estabelecer um encontro com o Senhor mediante a oração.

Vale a pena olhar para o perfil destes dois homens. 

Os Fariseus julgavam-se puros e piedosos e consideravam-se justos. Por isso, desprezavam os outros. Em diversas ocasiões, Jesus confrontou e repreendeu representantes deste grupo pela religiosidade hipócrita. O Fariseu, no texto, mostra-nos um homem cheio de orgulho e de presunção que despreza com arrogância os outros. Do outro lado, está o Publicano. Os Publicanos eram, na época de Jesus, um grupo profissional de funcionários do governo romano. Eles exerciam a função de cobrar os impostos e taxas. Os Publicanos eram desprezados pelos demais judeus, especialmente pelos Fariseus, que os consideravam ladrões, pois naquela profissão sempre se cobrava algum dinheiro a mais.

O Evangelho coloca-nos perante dois modos de rezar. O que define uma oração autenticamente cristã? Fala-se, neste texto, de uma aproximação falsa exercida pelo Fariseu e uma autêntica por parte do Publicano. O Fariseu sente-se justo, considera-se em ordem e julga os outros. O Publicano, por outro lado, não usa muitas palavras. A sua oração é humilde, sóbria, imbuída de consciência da sua própria indignidade, da sua própria miséria. Este homem reconhece verdadeiramente que tem necessidade do perdão de Deus e da Sua misericórdia. O Fariseu apenas fez umas ladainhas das suas boas obras sem reconhecer a sua fragilidade. Pensou nos méritos devido às suas obras, mas esquece que estas não podem manipular Deus. Enquanto o Publicano reconheceu-se pecador que necessita do perdão e da graça divina.

Em suma, o Evangelho convida-nos a cultivar uma atitude correta em oração. Devemos procurar uma vida de oração constante, mas humilde, pois a verdadeira humildade eleva o coração a Deus, porque «todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». Os mistérios de Deus são revelados aos simples e humildes de coração, aqueles que têm atitude de criança. 

Celebramos neste domingo, o Dia Mundial das Missões e somos convidados a sermos testemunhas da Boa Nova de Cristo. A oração está no centro da missão cristã e sem ela não existe testemunho. O Senhor pede-nos que confiemos n´Ele porque a oração é uma expressão dessa confiança.

Que sejamos cristãos de oração humilde e verdadeiras testemunhas da Boa Nova. Que possamos aprender com a humildade do Publicano na oração e também abrir os nossos ouvidos à escuta da Palavra.

Pistas de Reflexão 

  • De que modo rezo? À imitação do Fariseu ou do Publicano?
  • Recorde os momentos em que se achou digno e piedoso mais do que um irmão/irmã na comunidade e perdão. Quantas vezes caímos nesta categoria de audiência de Jesus?

 

Votos de um excelente domingo das missões para todos!
Pe. Andrew Prince Fofie-Nimoh