O Evangelho deste domingo oferece-nos uma meditação sobre o tipo de justiça a que os discípulos de Cristo são chamados a praticar no mundo. Isto é, uma justiça maioríssima do que a dos doutores da Lei e dos fariseus. No centro da Palavra de Deus, neste domingo VI, está a lei de Deus que é uma opção fundamental do Homem para uma vida feliz e serena.
No Seu Sermão da Montanha, Jesus deu seis “antíteses”, seis afirmações que parecem contradizer os ensinamentos da Lei Antiga. Quatro destas aparecem no Evangelho de hoje. Mas, ao introduzir estas antíteses, Jesus deixa claro que não está a contradizê-las, mas a elevá-las a um nível superior. “Não pensem que vim para abolir a lei e os profetas: não vim para os abolir, mas para os cumprir”. Mas qual é a novidade que Jesus introduziu na Lei existente? O que é que significa, então, esta afirmação de Jesus?
Enquanto na antiga lei, baseada muito na letra da lei, na ordem ou moral social, Jesus desafia-nos a ir além disso para tomarmos consciência do espírito da Lei, isto é, uma atenção redobrada ao nosso interior. Precisamos de uma conversão interior, que é o fundamento essencial da vida em sociedade. Por isso, o Evangelho convida-nos a refletir sobre a natureza sagrada da Lei de Deus e as felicidades associadas ao cumprimento da Lei. Entre os temas destacados no Evangelho deste domingo, elenca-se:
Em primeiro lugar, Jesus indica explicitamente que a vida humana tem valor e, em nenhum momento, devemos pensar em tirá-la. O primeiro mandamento exposto por Ele é “não matar”. Descarta qualquer tipo de homicídio e que o Homem não tem poder sobre a vida, pois não é o doador da mesma. Não se trata simplesmente de não matar, mas também de cuidar, de proteger e de promover a vida, desde o seu instante inicial ao seu ocaso natural. Também nos mostra a necessidade da reconciliação como caminho para construir uma sociedade pacífica e fraterna. Temos de evitar todas as causas da morte como raiva, invejas, ódios que matam as pessoas silenciosamente.
Na segunda afirmação, sobre o adultério, Jesus estabelece que não pode haver direitos para alguns privilegiados, enquanto outros estão colocados na margem da sociedade. Todos são iguais, tanto homens como mulheres. Por isso, a justiça procura direitos e deveres iguais para marido e esposa, numa sociedade em que apenas as mulheres tinham de pagar o preço para um ato de adultério. Por outro lado, Jesus chama a atenção para a necessidade de purificar o coração porque é no coração do homem que nascem os pensamentos de adultério. Para isso, é preciso autodisciplina que corte a cobiça e evite a consequência.
Em referência à lei do divórcio, estabelecida na antiga Lei, Jesus evoca o projeto primordial de Deus para o Homem e a razão de ser do matrimónio. Deve haver uma fidelidade ao compromisso assumido no casamento. No matrimónio não se pode pensar só em si mesmo; é uma vocação, uma entrega de vida, total doação de um ao outro; é uma vocação em que os dois deverão enfrentar os desafios, sofrimentos e crises juntos.
Por fim, Jesus apresenta um ensinamento sobre o juramento e mostra a importância de dizer sempre a verdade. É a verdade que conduz à justiça do Reino de Deus. O discípulo de Cristo esforça-se sempre para viver a verdade e não a hipocrisia. É chamado a ser transparente, humilde e simples no trato com os seus semelhantes.
Em suma, a lei de Deus prescreve ao Homem os caminhos, as regras de procedimento que o levam à bem-aventurança prometida e lhe proíbe os caminhos do mal, que o desviam de Deus e do Seu amor. Não vivemos a fé cristã como se fosse cumprir apenas certas regras e proibições, mas temos que vivê-la no amor mútuo, na fidelidade e no compromisso.
Que Deus nos conceda um coração leve para acolher e viver as Suas Leis. Que Maria, nossa mãe, nos ensine como acolher e cumprir a vontade de Deus.
PISTAS DE REFLEXÃO
- De que forma vivo a lei de Cristo no meu quotidiano, nas minhas dúvidas e incompreensões?
- Será que vou à missa por ser um preceito?
- Durante esta semana, procure meditar sobre a frase “A Lei de Deus é Sagrada”.
Paz e bem. Um bom domingo para todos.
Pe. Andrew Prince Fofie-Nimoh
