As leituras deste domingo são um alerta para não esquecermos que Deus oferece-nos sempre a oportunidade da conversão porque Ele é paciente connosco. Por isso, disse o profeta Ezequiel que «Deus não quer a morte dos pecadores, mas antes se convertam e vivam» (Ez. 18,32). O Evangelho deste domingo XVI Tempo Comum narra algumas das Parábolas do Senhor Jesus sobre o Reino dos Deus. São apresentadas no trecho deste domingo três destas parábolas: do trigo e do joio (13,24-30), do grão de mostarda (13,31-32) e do fermento (13,33). No final destas parábolas, Jesus dá uma explicação detalhada sobre o sentido da primeira parábola, do trigo e do joio.

Na primeira parábola, Jesus serve-se de imagens da vida no campo dando espaço à iniciativa e à paciência infinita de Deus, na qual encontramos a misericórdia, que transforma tudo. As três parábolas representam o amor e a graça de Deus para connosco, mas também a Sua paciência na construção do Reino. Se as relacionarmos com a nossa vida cristã, podemos refletir no seguinte:
A parábola do trigo e do joio. Trata-se de um quadro da vida quotidiana: há um “senhor” que semeia boa semente no seu campo, um “inimigo” que semeia o joio e “servos” dedicados, preocupados com o futuro da colheita. Tudo parece normal; o anormal é a reação do “senhor” à “crise”: dá ordens para que deixem crescer trigo e joio lado a lado e que só na altura da ceifa seja feita a seleção do bom e do mal, do que é para queimar e do que é para guardar nos celeiros. Este crescimento lado a lado possibilita ao trigo (os bons) que possa crescer mais nas virtudes e na santidade e, deste modo, que o joio (os pecadores) tenha tempo suficiente para se converter (o exemplo de São Paulo e de Santo Agostinho). Por fim, um alerta dirigido a todos (comunidade): não podemos julgar e condenar o pecador. Acontece que muitas vezes o nosso juízo é egoísta, preconceituoso, etc.

Uma outra verdade digna de ser salientada é referente ao tema dos cristãos adormecidos: o inimigo só semeia o joio enquanto adormecemos pois se ficarmos alertas, não terá condições para o fazer. Os cristãos devem ser pessoas prevenidas e sempre prontas para agir. As infiltrações são possíveis quando não existe vigilância. Temos de vigiar sempre, conscientes da nossa fragilidade e certos do auxílio divino.
Além da parábola do joio e do trigo, Jesus contou também as parábolas do grão de mostarda e do fermento. São duas parábolas muito semelhantes, quer quanto ao conteúdo, quer quanto à forma, mas que nos revelam algo sobre o progresso misterioso e a impercetibilidade do Reino de Deus. Numa e noutra, o quadro é o mesmo: sublinha-se a desproporção entre o início e o resultado. O grão de mostarda é uma semente muito pequena, que, no entanto, pode dar origem a um arbusto de razoáveis dimensões; o fermento apresenta um aspeto perfeitamente insignificante, mas tem a capacidade de fermentar uma grande quantidade de massa. Estas duas comparações servem para apresentar o dinamismo do “Reino”. O “Reino” anunciado por Jesus compara-se ao grão de mostarda e ao fermento: parece algo insignificante, que tem inícios muito modestos e humildes, mas contém potencialidades para encher o mundo, para o transformar e renovar. Trata-se de um dinamismo de vida nova que começa como uma pequena semente lançada à terra numa província obscura e insignificante do império romano, mas que vai lançar as suas raízes, invadir história dos homens e potenciar o aparecimento de um mundo novo.

Por fim, não tenhamos pressa em julgar os outros. Devemos criar um ambiente sereno, fraterno e de paz. Um ambiente onde os pecadores aprendem com o esforço dos outros (os justos) e se encaminham para as virtudes. Deus deseja que saibamos viver na busca do discernimento. Se o conseguirmos, estaremos preparados para a colheita.

Recordemos neste domingo que todos os santos têm o seu passado e os pecadores têm também o seu futuro. A misericórdia e o amor de Deus alcancem todos no tempo próprio. Que Maria, Senhora da Graça, interceda por nós

Votos de um santo fim-de-semana para todos!

Pe. Andrew Prince Fofie-Nimoh