O Papa Francisco contesta o que denomina como “retórica” de medo e xenofobia perante migrantes e refugiados, na sua mensagem para o próximo Dia Mundial da Paz.

“Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia”, escreve Francisco, no texto intitulado ‘Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz’.

O Papa lamenta que em muitos países de destino se tenha generalizado a “retórica que enfatiza os riscos para a segurança nacional ou o peso do acolhimento dos recém-chegados, desprezando assim a dignidade humana que se deve reconhecer a todos, enquanto filhos e filhas de Deus”.

“Todos os elementos à disposição da comunidade internacional indicam que as migrações globais continuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz”, acrescenta.

O Papa convida a um olhar “contemplativo” sobre esta realidade, a fim de descobrir nos migrantes e refugiados pessoas que “trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas”.

“Este olhar contemplativo saberá, enfim, guiar o discernimento dos responsáveis governamentais, de modo a impelir as políticas de acolhimento até ao máximo dos limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido, isto é, tomando em consideração as exigências de todos os membros da única família humana e o bem de cada um deles”, prossegue.

A mensagem para o 51.º Dia Mundial da Paz deixa votos de que os conflitos relativos à presença de migrantes e refugiados deem lugar a “canteiros de paz”.

O Dia Mundial da Paz foi instituído pelo Papa Paulo VI e é celebrado no primeiro dia do novo ano.