A diretora de Advocacy da Cáritas International afirmou no Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações que atualmente existem 63 muros “finalizados ou projetados”, fundamentados no medo, e apresentou a campanha “Partilhar a Viagem”.
“Em 1989, ano da queda do muro de Berlim, havia apenas 16 muros em todo o mundo, enquanto atualmente existem 63 finalizados ou projetados”, disse Martina Liebsch na conferência de abertura do encontro.
“Partilhar a Viagem: acolher, proteger, promover e integrar migrantes e refugiados” foi o tema do Encontro da Agentes Sociopastorais das Migrações” que decorreu no Seminário de Alfragide, em Lisboa, entre os dias 12 e 14 de janeiro.
“Um terço dos países no mundo conta agora com um muro”, referiu diretora de Advocacy da Cáritas International, acrescentando que o medo “é o cimento que os mantem de pé”.
“Gostaríamos de trabalhar para garantir que a migração seja vista como um desafio cheio de oportunidades e não como uma crise que já vivemos há mais de 200 000 anos”, acrescentou.
Natural da Alemanha, Martina Liebsch recordou a “separação de comunidades e famílias” no seu país e disse que as divisões são provocadas pela afirmação do “pequeno eu”.
“Parece-me inconcebível que voltemos a construir muros físicos (e nas nossas cabeças) quando sabemos que apenas nos trazem sofrimento e que não vão travar a realidade que já é cosmopolita pelos meios de comunicação e redes sociais”, sublinhou.
A diretora de Advocacy da Cáritas International alertou para o erro de culpar os migrantes e os refugiados por realidades sociais geradas por “causas estruturais”, como “a violência, o desemprego, a falta de paz e de oportunidades, as desigualdades e a falta de políticas migratórias”.
“Para que as gerações futuras tenham melhores meios para resolver conflitos, a cultura do diálogo tem de ser ensinada para poder, no futuro, resolver os conflitos de maneira diferente à que estamos acostumados”, afirmou.
A campanha da Cáritas, em todo o mundo, “Partilhar a Viagem” é uma proposta de diálogo e quer “fazer frente ao medo e à cultura da indiferença”.
“O apelo da campanha é o de encontrar os migrantes, acolhê-los e também reconhecer os seus direitos e dignidade e a nossa humanidade comum”, afirmou.
“Ver a migração como uma oportunidade para reconhecermos as nossas diferenças e semelhanças e compreender que estamos todos ligados”, acrescentou Martina Liebsch.
O Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações termina este domingo com a celebração do Dia Internacional do Migrante e refugiado.