Oração, esmola e jejum: este é o convite do Papa Francisco contido na mensagem para a Quaresma deste ano.

“Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos” (Mt 24, 12).

Esta frase situa-se no discurso que trata do fim dos tempos, pronunciado em Jerusalém, no Monte das Oliveiras, precisamente onde terá início a paixão do Senhor. Dando resposta a uma pergunta dos discípulos, Jesus anuncia uma grande tribulação e descreve a situação em que poderia encontrar-se a comunidade dos fiéis: diante de fenômenos espaventosos, alguns falsos profetas enganarão a muitos, a ponto de ameaçar apagar-se, nos corações, o amor que é o centro de todo o Evangelho.

Falsos profetas

O Papa Francisco adverte para as inúmeras formas que os falsos profetas podem assumir. Podem ser “encantadores de serpentes”, ou seja, aproveitam-se das emoções humanas para escravizar as pessoas e levá-las para onde querem.

“Quantos homens e mulheres vivem fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna escravos do lucro ou de interesses mesquinhos! Quantos vivem pensando que se bastam a si mesmos e caem vítimas da solidão!”

Outros falsos profetas são aqueles “charlatães” que oferecem soluções simples e imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente ineficazes: droga, relações passageiras e virtuais, lucros fáceis mas desonestos.

“Estes impostores, ao mesmo tempo que oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais precioso como a dignidade, a liberdade e a capacidade de amar.”

Por isso, escreve o Pontífice, cada um de nós é chamado a discernir e verificar se está ameaçado pelas mentiras destes falsos profetas. Essas mentiras acabam apagando o amor. A própria criação é testemunha silenciosa deste resfriamento: “a terra está envenenada por resíduos lançados por negligência e por interesses; os mares, também eles poluídos, devem infelizmente guardar os despojos de tantos náufragos das migrações forçadas; os céus – que, nos desígnios de Deus, cantam a sua glória – são sulcados por máquinas que fazem chover instrumentos de morte”.

Que fazer?

Neste tempo de Quaresma, diante desses sinais de resfriamento, a Igreja oferece o remédio da oração, da esmola e do jejum.

Dedicando mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso coração descobrir as mentiras secretas com que nos enganamos a nós mesmos para procurar finalmente a consolação em Deus.

A prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que o outro é nosso irmão. “Como gostaria que a esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos!”

Por fim, o jejum tira força à nossa violência, desarma-nos, constituindo uma importante ocasião de crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário.

Na mensagem, o Papa expressa o desejo de que a sua voz ultrapasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando todos os homens e mulheres de boa vontade.