MOSTRA-NOS, SENHOR OS TEUS CAMINHOS

A Fé leva-nos a ter da vida uma visão que vai muito para além das «aparências». O profeta Samuel é enviado a Belém para ungir David que Deus escolhera para Rei. Ao ver Eliab, filho de Jessé, pensa que é ele o escolhido para Rei. Deus, porém, diz-lhe: «Não te impressiones com o seu belo aspeto. (…) o homem olha às aparências, o SENHOR vê o coração». (1 Sam. 16) Esta afirmação põe frente a frente duas formas de ver: a de Deus e a nossa. Uma descobre o que está no coração, a saber: os valores, as intenções, as riquezas morais e as misérias e mentiras que também moram em nós; a outra fixa-se no exterior – beleza física, riqueza material, palavras enganadoras, etc. Qual destas formas orienta a nossa vida? A Quaresma faz-nos descer ao coração. O SENHOR deseja converter-nos à Sua maneira de VER. O Sacramento da Reconciliação é uma manifestação dessa vontade de Deus, pois torna presente e atuante em nós o Seu perdão e a purificação das nossas misérias interiores.

Evocando as realidades da visão e da cegueira as passagens da carta de Paulo e o Evangelho de João exprimem com muita clareza a passagem das trevas para a Luz: «Outrora vós éreis trevas mas agora sois luz no Senhor.» (Ef. 5); no Evangelho esta passagem está marcada pela sensatez e pela Fé do cego de nascença que Cristo curou e pela cegueira espiritual dos discípulos, dos fariseus e dos pais daquele que antes era cego. O capítulo 9 deste Evangelho é, de verdade, extraordinário. Nele podemos VER com os olhos do coração como Jesus procurava esclarecer as pessoas sobre a sua Fé deformada e levá-las a seguir pelos caminhos do AMOR a Deus e aos outros. A pessoa do homem que foi curado aparece-nos completamente transformada após a cura. Agora acredita em ALGUÉM; antes estava oprimido pelas falsas construções dos homens.

Padre Manuel João Magalhães Fernandes