O texto do Evangelho deste domingo abre-nos horizontes para saírmos ao encontro da Palavra que é eficaz e tem poder para nos libertar, consolar e curar de todos os impecilhos que nos oprimem, a começar pelos ocultos, no nosso interior, e a terminar nos visíveis, nas nossas relações de uns com os outros. O texto tem uma primeira parte que é o início do Evangelho de Lucas e uma segunda parte que fala do começo da vida pública de Jesus, a Sua experiência na sinagoga de Nazaré.
Jesus mostra a toda a humanidade que o mistério da sua incarnação só muda as nossas vidas se acreditarmos no Seu poder divino de fazer novas nas nossas vidas. Ele é a Palavra do Pai que nos liberta e cura. Com efeito, nos Livros Sagrados, o Pai que está nos céus, vem amorosamente ao encontro dos Seus filhos para conversar connosco. É tão grande a força, o poder desta Palavra de Deus que ela se converte em esteio vigoroso da sua Igreja, em solidez da fé para todos os filhos desta Igreja, em alimento das suas almas e fonte perene de vida espiritual para todos. Por isso, de modo eminente se aplica à Palavra o texto da Sagrada Escritura que diz: ”A palavra de Deus é viva e eficaz” (Heb.4,1), “capaz de edificar; chega a dividir a alma e o espírito e discerne os pensamentos e intenções do coração”. “Deus e a palavra da Sua graça é poderoso para edificar e dar-vos a herança com todos os santificados”. (Atos,20,32; cf.Tess 2,13), (Dei Verbum sobre a Revelação Divina).
A Palavra de Deus consola e estimula os crentes a tomar decisões concretas na vida. Ela liberta-os das prisões morais e físicas para poderem servir a Deus e os irmãos. Ela liberta-nos de tudo aquilo que nos impede de ir ao encontro de Deus. Foi esta força que Jesus anunciou na sinagoga de Nazaré e que deve tornar-se presente em cada um de nós sempre que a escutamos. Por isso é necessário colocar essa Palavra no centro das nossas relações de família, quer se trate de família de sangue ou de comunidade espiritual como é a nossa aqui. A palavra de Deus torna-se assim o lugar onde nasce a fé – lema que nos guiou ao longo do Ano Pastoral transato no Patriarcado de Lisboa.
Para ter experiência desta libertação, desta cura, fruto da Palavra de Deus, é preciso que cada um de nós, como cristãos:
1. Escutemos a Palavra
2. Meditemos a Palavra
3. Vivamos a Palavra.
Dizer e fazer (desejo e ação) são atitudes indispensáveis em qualquer processo de libertação e cura interior. Através da Sua Palavra, Deus continua a falar connosco, acompanha-nos, guia-nos a nós, o Seu povo, na caminhada para a felicidade. Portanto a Palavra traz redenção aos cativos, dá vista aos cegos, liberta os oprimidos. São estes os sinais concretos que acompanham a Palavra. No seu discurso em casa de Cornélio, nos Atos dos Apóstolos, Pedro dá a entender que Jesus (esta Palavra feita carne) ungido pelo Espírito, foi de aldeia em aldeia, fazendo o bem e curando todos os que estavam oprimidos. (Atos 10,38)
* Que esperas para fazer da Palavra de Deus o centro da tua vida?
* Será que sou cristão apenas de nome ou também de ação? “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca mas com obras e com verdade”. (Jo 3,18)
Peçamos ao Senhor que nos ajude a compreender a Sua Palavra para podermos conhecer os Seus preceitos e praticá-los.
Bem-haja e um bom domingo.
P. Andrew Prince