Na passada terça-feira, a nossa diocese de Lisboa celebrou a solenidade de S. Vicente, o seu padroeiro principal.  S. Vicente é o mais célebre dos mártires hispânicos, o único que se encontra incorporado na liturgia da igreja universal. São Vicente, diácono de Saragoça e mártir, que na perseguição do imperador Diocleciano, depois de padecer cárceres, fome, o cavalete e ferros incandescentes, terminou invicto o glorioso combate em Valência da Espanha Cartaginense e subiu ao Céu para gozar o prémio do seu martírio. O seu dia celebra-se a 22 de janeiro.

Em Lisboa, a mais antiga atestação remonta ao tempo do nosso primeiro rei. Ao sitiar Lisboa em 1147, D. Afonso Henriques fizera o voto de, se a cidade lhe caísse nas mãos e os infiéis fossem aniquilados, mandar construir dois mosteiros junto a dois cemitérios que se revelavam necessários para sepultar os cruzados que sucumbiam junto às muralhas do castelo. Uma das igrejas foi erigida junto ao cemitério dos teutónicos em 1148 sob a invocação de S. Vicente. Não sabemos se já ali haveria um culto mais antigo, se era uma criação expressa. Tendo o rei dado a escolher ao bispo D. Gilberto e aos cónegos uma das duas igrejas, estes optaram por Santa Maria dos Mártires (a atual Sé de Lisboa), junto ao cemitério dos ingleses. A igreja de S. Vicente ficou então na posse do rei, e foi dirigida por presbíteros ingleses, até D. Afonso Henriques nomear o primeiro prior, Gualter, de origem flamenga, a que se seguiram cónegos regrantes da confiança do rei. Isto é relatado na “Notícia da fundação do mosteiro de S. Vicente”, redigida em 1188.

S. Vicente, Rogai por nós!