Acampar é descobrir-se um aprendiz criado por Deus! O Agrupamento da nossa Paróquia, o 597 Tires, acampou na passada semana, de 27 de julho a 2 de agosto, no Centro Escutista do Oeste. Desta vez, no meio de muito outros irmãos escutas! Para acampar é preciso trocar o telemóvel (lazer) pelo canivete (instrumento de trabalho), a cama pelo colchonete, a comodidade pela simplicidade, o supérfluo pelo essencial!

A partir da figura de Santo Inácio e da oração que o próprio escreveu, seguimos como lema para a semana: “Tomai, Senhor, e recebei com Santo Inácio de Loyola…”. Todos os dias fomos convidados a acrescentar uma dimensão que queríamos entregar ao Senhor! No primeiro dia, o dia das montagens, o tema foi “o meu serviço”. Cada prumo, cada estaca, cada fio de sisal… tudo é entregue ao Senhor como serviço a Deus e aos outros, montam-se as tendas, arquitetam-se as cozinhas, elaboraram-se as mesas… tudo o que aprendemos ao longo do ano agora posto em prática! Somos chamados a dar do nosso esforço em proll do outro, a isto chama-se serviço! Nada se espera em troca, apenas tudo se faz com amor. Nessa noite, em agrupamento tivemos a Velada de Armas, preparando o que iríamos viver no dia seguinte! Simultaneamente, descobrimos um pouco mais sobre a história da figura que tivemos como referência, através de um teatro.

No Domingo, Dia do Senhor, vivemos “a minha comunhão”, entre secção meditámos as leituras da Missa. Depois com o nosso Assistente, o Pe. Andrew Prince, tivemos a Missa, o grande encontro com o Senhor. Ali Deus deu-nos o seu próprio Filho, entregue por nós, recebemos O alimento do Criador! Ao mesmo tempo, presenciámos a Promessa de alguns irmãos escutas, a Leonor, a Beatriz, a Amy nos Exploradores e a Daniela nos Pioneiros. Para melhor vivermos a comunhão entre agrupamento, ficámos a rezar uns pelos outros, ou seja, cada um ficou com um nome para rezar.

Depois foi o dia de entregar “os meus medos”, o medo afasta-nos da autenticidade de ser escuteiro, de ser cristão! Medo de cozinhar para os outros, medo que os outros me vejam, vejam as minhas dificuldades, medo de caminhar em terras desconhecidas, medo de dormir fora de casa, medo de… desde do Lobito ao Dirigente, passando pelos Exploradores, pelos Pioneiros, e pelos Caminheiros, todos temos medos! O Senhor Jesus quer que os entreguemos, para que se transformem em oportunidades de salvação!

No dia seguinte, a “minha oração”. Juntos construímos a silhueta de Santo Inácio com os nomes por quem andávamos a rezar. Todos tivemos oportunidade de passar pela Capela de Campo, de dar do nosso tempo a Jesus, de perceber que a oração é um diálogo entre o Criador e a Criatura! Beijámos a Cruz de Cristo, desejámos ser Santos, comprometemo-nos a seguir o Mestre, o “Guia” por excelência, sem desculpas, sem esquemas!

Na quarta vivemos o dia entregando o nosso “sim”. Para isso, tivemos a oportunidade de jogar em agrupamento pelas ruas de São Martinho do Porto e de ter à noite o Fogo Conselho, com pequenos teatros para rirmos e para aprendermos. Depois, a “minha missão”. Em pleno Ano Missionário na Igreja em Portugal, e com o auxílio da Missão Evangelizadora dos Jesuítas, compreendemos que temos de sair do nosso espaço, do nosso conforto para fazermos Missão. Ao mesmo tempo, que no meio das piscinas, da praia e dos parques aquáticos podemos rezar e missionar, que podemos através do nosso testemunho mostrar que seguimos a Cristo! Não há dias ideais, momentos ideais, locais ideais, mas Deus dá-nos vidas que têm tudo isto junto, apenas, por vezes, trilhamos fora do caminho certo…

Por fim, a “minha partida”. Partimos desta terra, levantámos as tendas, desmanchámos as construções na certeza da marca deixada por nós! No final de contas, o rumo ao Homem Novo continua, a vivência em Comunidade pede mais amadurecimento, a expedição pela terra prometida anseia mais descobertas, mas já hoje podemos fazer a diferença! Hoje parámos aqui para acampar, amanhã quem sabe onde o faremos, vários são os acampamentos que fazemos ao longo da vida, até ao acampamento final. Acima de tudo, fazemos Festa e alegramo-nos por sermos escuteiros, por sermos cristãos!

Afonso Sousa, 07 de agosto de 2019