O tema da Salvação interessa a quase todos os crentes, particularmente os da religião monoteísta. Acreditamos que existe a vida eterna ou a salvação para além da morte. Por isso, tudo não acaba neste mundo. Embora seja um tema fundamental à fé, muitas vezes inquieta-nos no que diz respeito a como obtê-la. Qual é o melhor caminho para ser salvo? Como devo viver no mundo para ter a salvação? Vemos a inquietação do jovem rico no Evangelho de São Mateus «Mestre, que hei-de fazer de bom para ter a vida eterna?» (Mt. 19,16-22). O Evangelho deste domingo oferece-nos várias pistas de meditação quanto à salvação, nomeadamente se há apenas um certo número de pessoas para serem salvas ou se é uma realidade aberta a todos. A salvação é um dom gratuito de Deus para a humanidade, mas pede a atenção e disponibilidade humana para torná-la alcançável. O esforço humano não chega para merecer a salvação, mas ajuda-nos a acolher da melhor forma a graça de Deus. Diante da pergunta feita a Jesus, «Senhor, são poucos os que se salvam?» mais uma vez Ele não responde, apenas procurou elaborar um projeto de vida para aqueles que desejam entrar no reino de Deus (salvação).

Como condição de entrada, o Senhor diz-nos “esforçai-vos por entrar pela porta estreita”. Esta porta exige muito de nós. Esforço significa ter uma força de vontade muito grande. O esforço é o contrário da mediocridade, porque o medíocre simplesmente fica paralisado e é paralisado pela vida, não se esforça, fica estagnado perante aquilo que não consegue alcançar e diz: “Ah, está bom. É assim mesmo. Eu não posso mais”. Não devemos ficar parados na vida. Devemos acreditar que tudo é possível e mergulharmos com fé nas dificuldades que a vida nos apresenta para sairmos vitoriosos. Não podemos entrar com tudo porque a porta é estreita. Devemos entrar apenas com o essencial. Aprendemos a humildade e a simplicidade como chaves da entrada. A porta da salvação exige esforço, mas isto não basta. Esta porta da casa tem um Senhor que a pode abrir e fechar. Para entrar é importante conhecer o dono da casa, ter intimidade, ter uma boa relação com Ele. A salvação é uma questão de relação, de comunhão, de amizade com este Senhor. Esta relação de amizade inicia-se desde já, aqui e agora, com o Senhor Jesus, e deve tornar-se uma comunhão para sempre. Sabemos que a vida da fé nos pede sempre esforço, trabalho e luta.

Somos encorajados a buscar o caminho da santidade. Este caminho que nos leva à vida eterna é um caminho traçado por Deus e não por nós. Para trilharmos este caminho precisamos de nos libertar dos nossos apegos, deixar de projetar a nossa vida tendo nós mesmos como referencia, para nos envolvermos no projeto de Deus que tem como referência unicamente Jesus. Somos convidados a tornarmo-nos pequenos, isto é, emagrecer espiritualmente para ter o tamanho suficiente para entrar no reino de Deus. Conhecer o caminho e os seus requisitos de entrada ajuda-nos a preparar, de forma cuidada, a nossa entrada. Que a paz de Deus irradie no coração de cada paroquiano. Esforçemo-nos por e com amor para entrarmos na porta estreita, porque a seguir desta porta encontraremos as águas refrescantes e a felicidade eterna.

Pistas de Meditação

1. Será que faço de Jesus o ponto da referência da minha vida?
2. Como vivo o desprendimento?

Um domingo abençoado para todos com votos de boas férias.

O vosso amigo,
Pe. Andrew Prince