A festa do batismo do Senhor celebrada no domingo depois da Epifania encerra o sagrado tempo do Natal: O Pai apresenta e manifesta a Israel o Salvador que Ele nos deu, o Menino da manjadoura: “Tu és o Meu Filho amado, em Ti pus toda a Minha complacência”. No Evangelho deste ano litúrgico, São Marcos começa por mostrar o significado do batismo ao apresentar as palavras iniciais de João Batista e o próprio acontecimento do batismo de Jesus realizado por João Batista.

O batismo de João era o de arrependimento. Aquele que recebia esse batismo estava a reconhecer-se pecador diante de Deus e a mudar de vida para viver a lei de Deus. Já o batismo de Cristo tinha a eficácia de purificar do pecado e conferir a graça. É o batismo com o Espírito Santo. Quanto a Cristo, afirma Tomás de Aquino, nem precisava receber a remissão dos pecados, dos quais estava isento, nem de receber a graça, da qual tinha a plenitude. Jesus foi batizado para assim se cumprir o desígnio do Pai que passa pelo caminho da obediência e da solidariedade com o homem frágil e pecador, o caminho da humildade e da plena proximidade de Deus aos Seus filhos. Também afirma Santo Agostinho, que Jesus foi batizado “para proclamar com a sua humildade o que para nós era uma necessidade”.

Em outro sentido, vemos que com o batismo de Jesus, ficou preparado o batismo cristão, diretamente instituído por Jesus Cristo e imposto por Ele como lei universal no dia da Sua Ascensão: “Todo o poder Me foi dado no céu e na terra, dirá o Senhor. Ide, pois, ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 18-19).

O batismo de Jesus marcou o início da Sua vida pública ou do Seu ministério público. Assim, a partir do versículo 14, deste mesmo Evangelho, Jesus começa este ministério com as Suas pregações na Galileia e vai formar uma comunidade de discípulos. O batismo torna-nos discípulos missionários e é o início da nossa vida como cristãos. Somos chamados filhos de Deus através do batismo e incorporados no seio da Igreja como membros. Na Igreja, ninguém é um cristão isolado. A partir do Batismo, o cristão passa a fazer parte de um povo. Por isso, o batismo de Jesus torna-se o modelo para o nosso batismo. Além disso, o batismo de Jesus reestabelece para a humanidade uma nova relação entre Deus e os homens.

No batismo de Jesus, o Pai confirma a identidade divina de Jesus e convida-nos a confiar no Filho quando diz: “este é o Meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência”. Vemos, portanto, a manifestação da presença da Santíssima Trindade neste episódio, pois o o Filho se entregou ao batismo, o Espírito Santo desceu como um pomba e O Pai comunicou com a terra.

Através do sacramento do batismo renascemos para uma vida nova que nos compete viver conforme a nossa identidade. Portanto, a festa do batismo de Jesus convida-nos a meditar o nosso batismo, os compromissos assumidos e a colaborar para a edificação da Igreja e pela salvação das almas.

Que Deus nos ajude a viver como batizados na Igreja Una, Santa, Romana e Apostólica e a imitar Jesus na Sua humildade e simplicidade.

Pistas de Reflexão

  • Lembra-se da data do seu batismo e de algo que o marca como batizado?
  • O que é para si “ser batizado”?

Desejo-vos uma excelente semana. Cuidem-se bem.
Pe. Andrew Prince