Meditamos hoje o Evangelho do III domingo do tempo comum, dedicado à Palavra de Deus. No texto evangélico, vemos Jesus a inaugurar o Seu ministério público. De facto, é um bom momento para perceber e meditar sobre os grandes conteúdos da fé cristã, que se nos fazem presentes, precisamente, nas palavras e nas obras de Jesus. No texto do Evangelho encontramos dois temas intimamente relacionados, ou seja, um serve como precedente ao outro: o apelo de Jesus à conversão e o chamamento dos primeiros discípulos. O anúncio da Palavra provoca a conversão e a conversão convida ao discipulado. “O tempo completou-se e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e acreditai no Evangelho” (v. 15) – estas são as primeiras palavras de Jesus e ao mesmo tempo sintetizam todas as Suas palavras e ações.

Jesus pede-nos, em primeiro lugar, a conversão para podermos tomar a melhor decisão. É igualmente uma condição necessária para integrarmos a família do Reino de Deus e tornarmo-nos anunciadores da Palavra. A conversão significa uma mudança de vida e dos comportamentos. Conversão não significa fazer um propósito firme de evitar um ou outro pecado, mas sim a decisão de mudar radicalmente o modo de ver Deus, o homem, o mundo e a história. Também se entende como ter um olhar voltado para Deus. O Reino é um convite aberto para todos os homens e a opção é de cada um, aceitar entrar ou não se comprometer com Jesus.

A segunda condição, depois da conversão, é a de acreditar no Evangelho. O Evangelho é a Boa Nova de Cristo, por isso, acreditar e abraçá-Lo e entrar na vida de Jesus. É tornarmo-nos irmãos uns dos outros. Não significa aceitar superficialmente, mas acolher na sua totalidade o Evangelho, isto é, a pessoa de Jesus e as Suas ações. Acreditar também pode significar confiar e é um ato de fé prática.

Depois da conversão e da adesão à fé e ao Evangelho, Marcos introduz o segundo tema: o chamamento dos quatro discípulos que estavam preocupados com a sua vida quotidiana. Jesus chamou-os e eles deixaram tudo para segui-Lo. Jesus transforma a vida dos homens: tiveram que deixar o seu modo de viver anteriormente para assumir o outro. Abandonar a pesca de peixes para se tornarem pescadores de homens. Aqui podemos apontar dois modos de encarar esta missão e realidade. Por um lado, é deixar as redes, isto é, as nossas falsas seguranças, a realidade pessoal, o trabalho, etc. para seguir Jesus. Por outro lado, é carregar um diferente tipo de rede para ser discípulo de Jesus: a rede da Palavra, do amor, da entrega, da disponibilidade para poder pescar os homens de toda a parte do mundo. Quem encontra Jesus, encontra o maior tesouro, por isso deixaram tudo para O seguir.

Precisamos de nos converter e acreditar no Evangelho se queremos ser realmente verdadeiros discípulos da Palavra. Muitas vezes, é necessário sairmos da nossa zona de conforto ao encontro da Palavra e deixar que Ele interpela a nossa vida interior e nos ajude a viver o exterior.

Que Deus nos conceda o dom da fortaleza e o amor à Palavra.

Pistas de Reflexão

  • 1. Qual é a rede na minha vida que me impede de me dedicar ao serviço da Igreja?
  • 2. A evangelização é a missão primordial de todos os batizados. De que forma me empenho nesta missão na minha comunidade paroquial?
  • 3. Ligue para um amigo durante este período de confinamento e partilhe uma frase bíblica com ele.

Desejo-vos uma semana saudável. Juntos venceremos esta batalha.
Pe. Andrew Prince