O Evangelho deste V Domingo da Quaresma convida-nos a meditar sobre a missão do verdadeiro Messias, ou seja, o verdadeiro rosto de Cristo. Estamos no penúltimo domingo antes da Sua entrada triunfal em Jerusalém e, gradualmente, vai chegar a Sua hora: a hora da Cruz Gloriosa. Neste percurso, o evangelista João vai explicar e desfazer a noção de um Messias triunfalista e criar o ambiente para entendermos melhor qual é a hora de que Jesus tinha falado. Trata-se da Sua Paixão e Ressurreição, pela quais Ele se lança totalmente no plano do Pai e realiza plenamente a Sua vontade.

O Evangelho começa com um pedido de alguns gregos que estavam naquela ocasião na festa. Eles tinham um desejo de ver Jesus. O verbo “ver”, que aparece no texto, tem uma conotação profunda e é mais do que uma simples curiosidade. Não foram movidos apenas pelo desejo de encontrar Jesus superficialmente, mas queriam ver a Sua identidade, ou seja, saber quem é Jesus. Além disso, no quarto Evangelho, o verbo “ver” significa entender o íntimo de uma pessoa. Isto é, conhecê-Lo em profundidade. O desejo destes gregos põe diante de nós a realidade da Salvação universal. Que as ovelhas fora do redil venham também a conhecer o verdadeiro Messias.

A resposta de Jesus a esta inquietação dos gregos convida a quem escolhe seguir o Seu caminho a ter informações acerca da Sua identidade, personalidade e missão. Depois de falar da Sua hora, explica em que consiste a mesma. Ele aproveita uma imagem agrícola de um grão de trigo que deve cair na terra e morrer para dar muito fruto. Jesus compara-Se a Si mesmo com um grão de trigo que se desfaz, para produzir muitos frutos para todos. Através da morte de Cristo, O Pai revela ao mundo o Seu imenso amor pelo Ser Humano.

O Evangelho desafia-nos a obedecer e a realizar sempre a vontade de Deus na nossa vida, até nos seus momentos mais angustiantes. O maior exemplo e o modelo da fidelidade ao plano de Deus é Jesus. Mesmo angustiado diante da Sua “hora”, Ele mantém-se fiel e faz da Sua obediência a glorificação do Pai. Devemos continuar a realizar os planos e preceitos de Deus no mundo, anunciando a mensagem sobre o Reino porque recebemos como herança este depósito da fé e missão.

Uma outra dimensão que o Evangelho destaca é o sentido da comunidade onde é partilhada a fé e o seu crescimento. Os gregos falaram com irmãos da comunidade, Felipe e André, antes de chegarem a Jesus. Cada cristão deve servir como caminho para indicar Jesus a outras pessoas através da vivência de boas obras. Precisamos de comunidade para o nosso crescimento espiritual.

Procuremos crescer no gesto de solidariedade e não vivamos só para nós. É isso que Jesus nos quer dizer quando fala: “quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna”.

Peçamos a Deus que nos ajude na nossa procura para ver profundamente o Seu Filho, Jesus Cristo, e acreditar Nele.

Pistas de Reflexão

  • Até que ponto assumo compromissos como cristão?
  • Será que desejo todos os dias ver Jesus?
  • A minha vida tem sido um instrumento de conversão para os irmãos fora da Igreja?

Desejo-vos uma frutuosa semana repleta de alegria e solidariedade.
Pe. Andrew Prince