O Evangelho deste XIV domingo do tempo comum apresenta-nos uma jornada de Jesus em Nazaré e, como de costume, a ensinar na sinagoga. O ensinamento de Jesus provoca a reação dos Seus ouvintes e, deste modo, surgem perguntas e questões fundamentais sobre a Sua identidade que culminará na Sua rejeição como Messias porque em Nazaré, na sua própria cidade, onde nascera e fora criado, os Seus conterrâneos conhecem-No com uma outra identidade: “Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui connosco? E ficaram escandalizados por causa dele”. O conhecimento que tinham de Jesus faz com que agora, ao pregar na sinagoga, se surpreendam com Sua maneira de falar, com o Seu modo de entender a vida. Escandalizam-se com Sua novidade e rejeitam-No. Os conterrâneos de Jesus tinham uma imagem puramente externa Dele. Para eles, Jesus ainda era aquele menino daquela casa, com aquelas anedotas bem conhecidas. Eles não sabiam dar o salto para a confiança e a admiração, pois teriam que mudar as suas ideias e, provavelmente, o seu comportamento e não estavam dispostos a isso.
De acordo com o costume judaico, a palavra “irmãos” pode referir-se a primos, parentes próximos, meios-irmãos, etc. O objetivo de São Marcos não era estabelecer o número ou os nomes dos membros da família de Jesus, mas sim deixar claro que na Sua própria cidade e entre os Seus amigos não encontraram fé.
Além disso, Jesus compara-Se aos antigos profetas judeus que o povo rejeitou e, acima de tudo, a humildade e simplicidade da Sua origem faz com que os habitantes de Nazaré O rejeitem. Este é o desafio da Encarnação: verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. A falta de fé do povo Nazareno impediu-os de reconhecerem a natureza divina de Jesus.
Assim, o Evangelho de hoje convida-nos a meditar a sorte e a missão do Profeta. A missão do Profeta é desafiante porque irão aparecer momentos de rejeição, desânimo, desespero e humilhação em que deverá manter a cabeça erguida e continuar o anúncio. Pelo batismo nasceu em nós a vocação de sermos profetas, pessoas em quem Deus confia os Seus mistérios de amor, anunciando e denunciando, construindo e destruindo.
Que estejamos aptos e cientes da nossa missão como profetas e que a possamos desempenhar com gratidão e firmeza, sem ter receio do povo que nos ouve.
Pistas de Reflexão
- Será que me identifico como Profeta no meu quotidiano?
- Como acolho a novidade evangélica de Jesus?
Votos de uma semana abençoada para todos.
Pe. Andrew Prince, C.S.Sp