Neste II domingo da Quaresma, o Evangelho proposto para a nossa meditação é o da Transfiguração, segundo São Lucas (9, 28b-36). Contudo, o Evangelista não utiliza a palavra Transfiguração, apenas se refere à alteração do rosto de Jesus e das Suas vestes.
A Transfiguração mostra-nos duas atitudes fundamentais: a primeira é a de afastar do coração dos Apóstolos o desespero diante da humilhação da cruz e o pensamento de uma missão fracassada; e a segunda é a esperança. Na caminhada para Jerusalém o primeiro anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou profundamente a fé dos Apóstolos. Deitou por terra os seus planos de glória e de poder. No caminho para a Cruz, no meio da escuridão do medo que assaltava o coração dos discípulos, Jesus acende-lhes uma luz de esperança e de confiança no futuro.
Jesus subiu a um monte para rezar e, através da Transfiguração, ensinou os Seus apóstolos que a cruz é apenas o meio para chegar ao fim e não é o fim em si. Isto é, a Sua vida não termina na cruz mas na glória da ressurreição. Ele ia vencer o poder da morte, sendo a cruz o caminho da salvação. Através da Transfiguração antecipa-se a vitória da Páscoa e chegamos à compreensão de que a última palavra não é o mal, o sofrimento ou a morte, mas sim o amor e a ressurreição.
Para o Evangelista São Lucas tudo começou com a oração. Jesus entrou em profunda intimidade com o Pai. Na oração tudo se transforma e muda. Na oração o Senhor transforma sempre a nossa vida, transforma o nosso rosto desfigurado pelo medo e faz-nos ver a realidade com olhos de esperança. Na oração descobrimos o verdadeiro rosto do Pai e Ele torna-Se presente na nossa vida. A nuvem indica a presença de Deus, pois era na nuvem que Deus manifestava a Sua presença quando conduzia o Seu Povo através do deserto.
A Transfiguração confirma a identidade de Jesus como Filho muito amado do Pai e convida-nos a escutar a Luz que é Jesus Cristo. “Quando Jesus entra na nossa vida, Ele transfigura-a, deifica-a por meio da fulgurante luz do Seu rosto”, disse o cardeal Robert Sarah. Por isso, neste segundo domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir para chegar à vida nova. E este não é senão o caminho da escuta atenta de Deus e dos Seus projetos, o caminho da obediência total e radical aos planos do Pai.
Que Deus nos dê um coração dócil e a obediência para estarmos sempre na Sua presença.
Pista de Reflexão:
- Como reajo nos momentos de escuridão da vida? Além do habitual desespero, o que mais faço? O caminho que Jesus hoje nos ensina é o da oração.
Uma excelente semana para vós. Rezemos pela Ucrânia e pela paz no mundo.
Pe. Andrew Prince