Contemplamos neste V domingo da Quaresma a passagem sobre a mulher adúltera, que se insere na grande narrativa sobre a presença messiânica de Jesus durante a Festa das Tendas. Uma mulher apanhada em flagrante adultério. Os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Segundo a Lei de Moisés, tais pessoas deviam ser apedrejadas. Para colocarem Jesus numa armadilha, convidaram-No a responder à seguinte pergunta: Mestre, que vamos fazer com esta mulher, perdoá-la ou apedrejá-la, como manda a nossa Lei?” Se Jesus dissesse para a apedrejarem podia ser acusado pela autoridade romana por mandar executar uma pena capital para a qual não tinha autoridade; se dissesse que não a podiam apedrejar, seria uma desobediência à Lei. Por isso, Jesus recorreu ao gesto de “escrever com o dedo no chão” e de lhes dirigir uma sentença “quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Através deste gesto, Jesus desmascarou todos da sua hipocrisia e pecados, de modo que ninguém pôde atirar uma pedra. Na conclusão deste episódio, Jesus mandou a mulher embora sem a condenar, mas advertiu-a para não voltar a pecar.

Santo Agostinho ao meditar neste Evangelho disse que a conclusão deste episódio deixa em aberto duas situações: a miséria do homem e a misericórdia divina. Uma mulher acusada de um grande pecado e Aquele que, embora fosse sem pecado, assumiu os nossos pecados, os pecados do mundo inteiro. Jesus detesta o pecado, mas ama o pecador e, por isso, acolheu a prostituta. Ele não aprovou a sua atitude de pecadora pública, mas acolheu-a com misericórdia porque a Sua misericórdia é maior que o pecado dela. Ele não deseja a morte do pecador mas antes que este se converta e viva abrindo-lhe o caminho para que não volte a pecar.

O Evangelho deste domingo ensina-nos a procurar sempre a compaixão e a misericórdia de Deus e a não condenar friamente a partir da objetividade de uma lei. Ajuda-nos a procurar entender o nosso próximo a partir da nossa própria conduta pessoal. Por isso, antes de atirarmos pedras contra o culpado, temos que saber julgar o nosso próprio pecado porque ninguém é perfeito. Somos chamados a contemplar a misericórdia de Deus que sempre perdoa os pecadores arrependidos.

Que aprendamos com o Senhor Jesus a não julgar e a não condenar o nosso próximo e invoquemos a intercessão da Virgem, que teve em seus braços a Misericórdia de Deus feita homem, Jesus Cristo Nosso Senhor.

Pistas de Reflexão

  • Quantas vezes julguei alguém em vez de corrigir ou perdoar?
  • Qual é a minha atitude perante as pessoas consideradas pela sociedade como pecadoras?

Votos de um excelente domingo. Rezemos pela paz no Mundo, particularmente na Ucrânia.
Pe. Andrew Prince