O Evangelho deste domingo descreve, num primeiro momento, que o Senhor enviou setenta e dois discípulos: o número que evoca o universalismo da missão. A urgência da missão pede a presença de todos os cristãos. Somos todos enviados por Jesus. Este universalismo mostra-nos o desejo ardente de Jesus de levar a Boa Nova do Reino a toda a Humanidade. Outro aspeto digno de salientar é o facto de Jesus ter enviado os discípulos dois a dois. Mas porquê? Que significado tem? Há duas maneiras de refletir a questão: a primeira é uma aproximação jurídica como consta tanto no Antigo Testamento (Dt. 19, 15) como no Novo Testamento (Mateus 18, 16) em que o testemunho de duas pessoas é válido e a palavra de cada um é confirmada pelo outro. E a segunda é mais espiritual e atual, isto é, criar e viver em comunidade. O sentido comunitário da nossa missão é indispensável.
Num segundo momento, é-nos descrito que Jesus refere a dificuldade e a exigência da missão, afirmando que a providência divina acompanhará os discípulos. A missão deve ser realizada na liberdade e na confiança, na docilidade e na prudência, na oportunidade e na caridade. Não se devem assustar perante as dificuldades, a oposição e os obstáculos, assim como do aparente fracasso. A missão começa com oração: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara». É a oração que sustenta a vida dos discípulos porque daí nasce uma força maior para superar os obstáculos e as vicissitudes da missão.
Além disso, o cristão deve ser um instrumento da paz. O centro do anúncio é uma mensagem libertadora e o enviado deve encontrar isso na sua vida pessoal para poder transmitir aos outros. Jesus recomenda como saudação inicial a paz. «Paz a esta casa» (Lc 10, 5). A paz é esta felicidade de quem, mesmo andando no meio de lobos e de dificuldades, sente a presença de Deus e confia nas suas mãos como um filho ao colo da mãe. Depois de tantos anos, ainda vemos que o mundo não está em paz; anseia e clama por ela, mas não a encontra. Precisamos de fazer ainda mais para que o mundo venha a conhecer o dom da paz e viver a sua plenitude.
Por último, O Senhor lança aos Seus discípulos um convite à alegria. A alegria de poder participar na Sua obra e ter os nomes inscritos nos Céus.
A Igreja nasceu para propagar a Boa Nova da Salvação a toda a Humanidade e todos os filhos da Igreja devem envolver-se nesta grande obra da evangelização. Através dela, nascem outros filhos. O enviado terá sempre o seguro auxílio de quem o envia, Jesus Cristo. Não terá medo de anunciar e viver a sua verdadeira identidade.
Que Deus nos conceda a força e a paz na nossa vocação cristã.
Pistas de Reflexão
- Jesus enviou os Seus discípulos dois a dois. Como vejo o caminho sinodal na minha Paróquia?
- Como reajo quando sou humilhado por causa da minha fé?
Desejo-vos um bom domingo e uma excelente semana a caminho da missa nova!
Pe. Andrew Prince Fofie-Nimoh
