A presença do cristão será sempre uma presença incómoda para o mundo devido ao seu seguimento a Jesus Cristo. Por isso, Jesus é sinal de contradição e julgamento entre os homens porque a proposta Dele trará divisão, pois é uma proposta exigente, que provocará a oposição de muitos. No Evangelho deste XX domingo do Tempo Comum, as Palavras de Jesus suscitam uma certa perplexidade e dificuldade à primeira vista. Jesus faz afirmações chocantes quando diz “Eu vim trazer o fogo à terra, tenho de receber um batismo e estou ansioso até que ele se realize”. “Eu não vim trazer a paz na terra, mas divisões”. De facto, o que significam estas afirmações: O que é o fogo que Jesus veio trazer à terra? O que é o batismo que Ele deve receber? E porque é que afirma não ter vindo trazer a paz, mas a divisão?

Em primeiro lugar, o fogo de que Jesus fala simboliza a purificação e o julgamento. É o símbolo do amor de Deus, que purifica os homens de todas as suas impurezas. O amor, como fogo, nunca diz basta, pois tem a força das chamas e ateia-se no trato com Deus. Arde no coração, dentro do peito e ajuda a purificação interior do homem. O fogo que queima o egoísmo, a injustiça, o comodismo, etc., para dar à luz a paz, a alegria, a solidariedade e a disponibilidade. Este fogo também pode aludir ao Espírito Santo que descerá sobre os apóstolos como línguas de fogo e será um fogo que ilumina a mente e acende em todo o ser humano um amor ardente por Deus.

A segunda afirmação tem a ver com o batismo que Ele deve receber e para o qual está ansioso. A missão de Jesus é dar a vida ao mundo para que a humanidade tenha vida e a tenha em abundância. Jesus refere-se, portanto, à Sua paixão e morte na cruz porque será imerso ou batizado no sangue do sofrimento dando testemunho do amor até ao fim.

Na terceira imagem (vv. 51-53), Jesus confessa que não veio trazer a paz, mas a divisão. O próprio Jesus, na Última Ceia, disse: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” (João 14, 27). Como é que então, no Evangelho de hoje, Ele afirmou não trazer a paz, mas a divisão? A Boa Nova é anunciada entre os povos, nas famílias harmonias e em discórdia. O discípulo de Cristo sofrerá no mundo o ódio, o abandono, etc., por causa da sua identidade. Contudo, terá coragem e não irá desistir.

Somos chamados a compreender a razão pela qual Jesus veio ao mundo: veio para salvar, renovar e purificar de uma maneira radical. O fogo de Jesus destina-se a consumir a imoralidade, a injustiça e a corrupção nas nossas vidas, nas comunidades e no mundo inteiro. A Boa Nova sempre se manifesta como o fogo que salva, que transforma o mundo a partir da mudança do coração de cada um.

Que o Senhor nos ajude a afastar dos maus caminhos e que estejamos sempre atentos às Suas indicações para a nossa felicidade e santidade. Que Nossa Senhora da Graça, interceda por nós.

Pista de Reflexão

  • Será que sinto este fogo divino na minha vida?

Desejo-vos uma excelente semana.
Pe. Andrew Prince Fofie-Nimoh