Neste IV domingo da Quaresma, também chamado de domingo da Alegria, o Evangelho leva-nos a escutar o episódio da cura do cego de nascença, sendo este episódio o sexto sinal realizado por Jesus no Evangelho segundo São João. O Evangelista chama os milagres de “sinais”. Estes são uma manifestação da realidade divina, desvelam e escondem, podemos até dizer que antecipam a glória de Cristo, mas devem remeter-nos a uma reflexão sobre a missão de Jesus. Assim, neste Evangelho, o “cego” é um símbolo de todos os que vivem na escuridão, prisioneiros das falsas imagens de Deus que os impedem de chegar à plenitude da vida.
Jesus saiu de Betânia e dirigiu-se à Festa dos Tabernáculos. No caminho, Jesus viu um homem cego de nascença. Esta cura aconteceu num dia de sábado e gerou uma polémica entre os doutores da Lei, mas ajudou o homem curado a chegar ao conhecimento da fé. Jesus manifesta-Se como a Luz do Mundo e o cego de nascença representa cada um de nós, que fomos criados para conhecer Deus. Contudo, devido ao pecado, estamos cegos e temos necessidade de uma nova luz, a da fé que Jesus nos concedeu.
Neste Evangelho, podemos identificar duas realidades principais na vida cristã: o Batismo e a fé em Cristo Jesus. O Batismo é o primeiro Sacramento, pelo qual recebemos a purificação dos nossos pecados e a Luz de Cristo. Antes do Batismo vivemos como cegos incapazes de ver a luz do Evangelho, vivemos longe da graça de Deus. No Batismo, recebemos um novo nascimento que nos faz aproximar desta Luz e, assim, tornamo-nos filhos de Deus e filhos da Luz. Esta realidade exige de nós uma mudança total e radical de toda a nossa vida. Devemos procurar viver os valores do Evangelho. Ser cristão é acolher e viver com convicção a proposta de Jesus (o Reino) e percorrer o caminho de liberdade e de realização que conduzirá toda a Humanidade à vida plena.
Para caminhar com Jesus, é preciso disponibilidade e entusiasmo para a tarefa. Sem fé a vida cristã torna-se um vazio. O cego curado manifesta-se e dá testemunho disso quando proclamou «Eu creio, Senhor». Ele reconhece que Jesus é Aquele que recupera o Ser Humano. A fé é uma adesão pessoal a Jesus e é uma condição necessária para ser cristão. É digno salientar que, na vivência da fé, existem obstáculos para os quais temos de tomar muita precaução. No Evangelho, encontramos os Fariseus que, embora tenham testemunhado a cura, têm dificuldade de abandonar os seus próprios esquemas de segurança e de falsa confiança para acolher Jesus, a Luz do Mundo. Eles apenas se escondem atrás da verdade e querem conduzir o homem curado à mentira.
Precisamos de seguir um caminho para que esta Luz (fé) chegue ao nosso encontro e ilumine a nossa vida de todas as escuridões que nos envolvem. Dois caminhos são indispensáveis para alcançar esta virtude: o caminho da escuta atenta da Palavra de Deus e o caminho da obediência pura à vontade de Deus. O cego da nascença prestou atenção a Jesus, escutou a Sua voz e depois seguiu as Suas indicações para recuperar a vista. Cada um de nós é chamado a reconhecer a sua cegueira e aproximar-se da Luz, que é Cristo.
Senhor Jesus Cristo, curai a nossa cegueira e iluminai a nossa existência.
Pista de Reflexão
- Qual é o caminho para reconhecer a minha própria cegueira espiritual?
Votos de um santo domingo da alegria para todos.
Pe. Andrew Prince Fofie-Nimoh